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2140 I SÉRIE - NÚMERO 64

capaz de suportar os resíduos nucleares. Aliás, penso que é sabido que as estruturas mais adequadas são as salinas, o que não é manifestamente o caso na região do Douro.
Portanto, juntaria a todos os seus argumentos mais este que pode ser usado pela Sr.ª Ministra do Ambiente. Porquê abrir a excepção no mundo? Porque é que Espanha é o único país do mundo que quer construir na fronteira com um país vizinho uma central nuclear quando tem tantos sítios para escolher? Por exemplo, Inglaterra, não pode metê-los na fronteira com ninguém, tem de resolver o problema no seu próprio espaço e resolve-o, de uma maneira ou de outra.
Penso que há aqui uma componente de provocação, que não quer dizer que vamos zaragatear internacionalmente, mas temos de tomar consciência que o mesmo País que, de um lado, nos quer tirar a água quer, por outro, deitar-nos a água suja para cima... Ora, isto é intolerável e há aqui muitos argumentos que podem ser usados na cena internacional.
De qualquer maneira, Sr.ª Deputada, muito obrigado por ter trazido aqui esse problema, que é oportuno, que não é um problema do Governo nem de um ou de outro partido, mas, sim, um problema de todos nós que temos o direito à vida, à qualidade de vida e à preservação dos nossos bens e dos nossos produtos típicos - e lembro o caso do vinho do Porto que ficará em risco por causa disto.
Por tudo isto, Sr.ª Deputada, obrigado e espero que o problema seja um problema para todos nós e não fique a dormir nas secretarias do Governo.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Deputado Nuno Abecasis, quero agradecer as suas palavras.
Julgo que o problema colocado com este projecto, que compulsivamente obriga Portugal a partilhar de uma opção nuclear que, em devido tempo, rejeitou, é, seguramente, uma questão com a qual temos de lidar.
O Sr. Deputado referiu as centrais nucleares espanholas, que são nove e que estão localizadas quase todas em zonas estrategicamente importantes para Portugal; junto à fronteira de Almaraz, nas margens do rio Tejo e, como eu referi na minha intervenção, curiosamente, o maior complexo de enriquecimento de urânio também foi instalado junto à fronteira da Portugal, o que é sinónimo, para nós, de que há soluções que o governo espanhol tem imposto, felizmente com contestação das populações espanholas, que esses projectos são lesivos para Portugal e que, em nosso entendimento, a questão só será solucionada numa base diplomática de cooperação e de diálogo, mas, seguramente, fazendo desta questão um protesto, que tem de existir para que este projecto, tal como no passado se tentou, não possa ir por diante.

Vozes de Os Verdes e do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, aproveito para informar a Câmara de que assistem aos nossos trabalhos um grupo de 50 alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa; um grupo de 25 alunos da Escola Secundária D. José I, de Lisboa; um grupo de 12 alunos do Curso de Jardinagem da Câmara Municipal de Alenquer; um grupo de 70 alunos da Escola Profissional de Arqueologia de Marco de Canaveses; um grupo de 22 alunos da Escola Profissional da Vitivinicultura António Lago Cerqueira de Amarante; e um grupo de 43 cidadãos da Associação Portuguesa de Surdos, para quem peço o vosso aplauso.

Aplausos gerais, de pé.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Lourdes Lara.

A Sr.ª Lourdes Lara (PSD): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Permitam-me que os saúde ao usar hoje da palavra pela primeira vez e após ter iniciado, recentemente, as minhas funções como Deputada pela Emigração. Círculo Fora da Europa.
Muito se tem dito sobre a emigração, mas, infelizmente, são pouco visíveis, em termos práticos, as acções desenvolvidas em relação aos emigrantes e em seu benefício e, verdade seja dita, os reflexos políticos dessas acções normalmente não passam do discurso parlamentar.
A Diáspora portuguesa, consequência dos Descobrimentos, primeiro, e das vicissitudes políticas, económicas e sociais do século, depois, mundializou as comunidades do nosso país.
Os problemas com que se confrontam são em grande número comuns. Vou, no entanto, confinar-me a três temas, que me preocupam de sobremaneira: o ensino, a reaquisição da nacionalidade e o regresso.
Preparar os jovens para o futuro tem de ser preocupação de todos nós.
Compreendo que o ensino em Portugal atravesse momentos difíceis. As queixas surgem de todos os sectores: os estabelecimentos de ensino são considerados inadequados; os professores são confrontados com classes superlotadas; os alunos e encarregados de educação estão insatisfeitos.
Na Emigração, Círculo Fora da Europa, existem também problemas muito graves. Permitam-me que enumere alguns deles: falta de reciclagem de professores; falta de um programa adequado; falta de material pedagógico, nomeadamente de livros actualizados.
Tendo em conta que um número considerável destes jovens acompanhará os seus pais no desejado regresso a Portugal, podem antever-se os problemas graves com que estes alunos se verão confrontados quando integrados no ensino em Portugal.
O problema tem, naturalmente, solução: basta, apenas, que haja vontade política e que se disponibilizem os meios para que as alterações se implementem.
Caso não haja, naturalmente, uma rápida intervenção do Governo (no bom sentido), corremos o risco de abandono progressivo destes jovens, cujos valores dos países de nascimento há muito se sobrepõem aos dos países dos seus progenitores. A língua, a cultura e a gastronomia são afinal, em alguns casos, a única ligação que estes jovens mantêm com Portugal.
E não me falem na existência do Instituto Camões. Basta fazer uma consulta s comunidades e ficaremos elucidados sobre a eficácia deste Instituto, e mais atónitos ficaremos quando nos apercebermos que, ainda hoje, um grande número de emigrantes desconhece, ou conhece muito mal, o Instituto Camões (apenas poderá conhecer a sua denominação).
A área do ensino/educação, essencial para garantir a salvaguarda da nossa presença linguística e cultural no Mundo, e a manutenção de laços indeléveis e elementares com Portugal deverá merecer de todos nós, e em especial do Governo, atitudes muito firmes e determinadas. O acto de