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2432 I SÉRIE-NÚMER071

enquadra a viagem do Gama em tudo o que a precedeu e em tudo a que ela conduziu, pela mensagem universalista e ecuménica transmitida, pela capacidade de criar um clima de festa e emoção através do cruzamento dos olhares de civilizações diferentes, ela merece a nossa admiração e o nosso aplauso.
Mas o PSD parece também ignorar que a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos, em muitos casos em colaboração com o Pavilhão de Portugal, lançou e está a executar um amplo plano de iniciativas que. envolve designadamente: 8 exposições em diferentes cidades do país e em Paris sobre os descobrimentos e o contexto civilizacional em que decorreram; 2 grandes congressos internacionais sobre Vasco da Gama e a sua época, em Lisboa
em Novembro deste ano e nos Açores em Abril de 99; a realização de 1 CDRom com documentos e imagens sobre a viagem de Vasco da Gama a ser lançado nos primeiros dias da Expo 98.
A coprodução de duas séries de documentários sobre o descobrimento do caminho marítimo para a índia e o contexto cultural do Índico, a primeira das quais já com data de início de emissão marcada para 11 de Julho próximo e comprada por várias televisões estrrangeiras; 1 espectáculo de teatro intitulado "A Grande Viagem" já com 200 representações em outras tantas escolas do país desde Setembro passado; inúmeras publicações para todo o género de públicos ,
desde a colecção "Na crista da Onda" para o público juvenil até dezenas de livros e o número da revista Oceanos consagrado a Vasco da Gama.
Tamanha ignorância da parte do PSD dá para desconfiar e suscita inevitavelmente a interrogação sobre os verdadeiros motivos do protesto e das acusações nele contidas. E esses só podem ter a ver, com a oposição ideológica do deputa
do Ferreira do Amaral - e que me custa a aceitar que seja partilhada por todo o PSD - à perspectiva histórica que subjaz às comemorações em curso: Uma perspectiva aberta e generosamente ecuménica e não tacanha e arrogantemente
nacionalista; uma perspectiva atenta à complexidade e rigor da história e avessa ao simplismo das e fabulações míticas; uma perspectiva que faz do passado uma alavanca para a construção do futuro e não um espelho para exercícios de
fixação narcísica e saudosista.
Com efeito, não nos podem acusar de ignorarmos nem o Gama, nem a viagem para a índia, nem muito menos toda a nossa gesta marítima com o seu contributo ímpar. para a história do mundo e o diálogo das civilizações. Apenas nos podem acusar de não o fazermos à maneira da Exposição do Mundo Português de 1940. Mas uma tal acusação será sempre tida por nós como um elogio!
Seja como for, uma coisa é certa: o Governo PS está a fazer muitíssimo mais para comemorar o V Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a índia que o
Governo da AD em 1980 para comemorar o V centenário da morte de Camões e que foi praticamente zero. Lembro que há 18 anos o Governo da AD, no seu afã de deitar para o lixo tudo o que o Governo Pintassilgo fizera, prescindiu da comissão criada para preparar essas comemorações e do programa por ela elaborado. Surdo ao nosso protesto neste Plenário, o Governo AD, pura e simplesmente, ignorou o poeta de Os Lusíadas!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Encarnação.

O Sr. Carlos Encarnação (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Este voto de protesto do PSD é um voto de protesto que, a nosso ver, se justifica. E justifica-se pelo seguinte: as comemorações de há 100 anos sobre a chegada de Vasco da Gama à índia foram comemorações de enormíssima dignidade, feitas num ambiente de grande exaltação patriótica, e, nessa altura, nem havia Salazar...

O Sr. Rui Namorado (PS): - Mas conservadores havia!

O Orador: - ... nem nada disso que, por exemplo, os Srs. Deputados do PCP, há pouco, notaram. Havia, sim, um grande sentimento nacional da importância deste feito histórico - e era tão-só isto que era, no caso, de realçar.

enho a impressão de que, nestes 100 anos, a situação se inverteu e há como que uma excessiva modéstia na comemoração da descoberta do caminho marítimo para a índia.
Bem sei, Sr. Deputado António Reis, que houve várias iniciativas culturais a propósito da celebração dos 500 anos da descoberta do caminho marítimo para a índia.
Bem sei até que muitas dessas celebrações culturais foram altamente questionáveis, quer a perspectiva, por exemplo, da Comissão quer a perspectiva de alguns dos historiadores que participaram em actuações da Comissão, quer concretamente um, que traçou um cenário negro sobre aquilo que era a personalidade de Vasco da Gama, sem a necessária coexistência temporal da figura, sem respeito pela própria figura, com o respeito único pela sua própria opinião, a desse historiador indiano, que, aliás, é contraditada por variadíssimos outros historiadores, que, sobre esta matéria, têm tido obras extraordinárias - e lembro uma delas, feita por uma historiadora francesa, que fez uma excelente biografia, e talvez seja essa uma das melhores comemorações do V Centenário da Descoberta do Caminho Marítimo para a índia.
De resto, Srs. Deputados, não há propriamente um crime em tentarmos fazer com que o V Centenário da Descoberta do Caminho Marítimo para a índia seja um facto que deve ser salientado...

O Sr. Acácio Barreiros (PS): - Com um voto de protesto?!

O Orador: - ... e deve ser salientado num determinado contexto e deve ser salientado e aprovado.

Protestos do PS.

E deve ser salientado e comemorado dentro daquilo que é uma grande exposição universal como esta.

Uma das coisas que se diz no nosso voto é de liminar clareza: visitando o pavilhão português da Expo, não se descortina uma alusão concreta à descoberta do caminho marítimo para a índia.