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1 DE OUTUBRO DE 1998 205

medidas necessárias para dar adequada solução a este problema social.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Hoje, encerra a Expo 98, que assinalamos como um sucesso, apesar das observações feitas. Esperamos que o post-Expo não contrarie as expectativas criadas.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Moura e Silva.

O Sr. Moura e Silva (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Acaba, hoje, a Expo 98, a última exposição mundial do século, considerada, segundo uma recente sondagem, um motivo de orgulho para dois terços dos portugueses, embora apenas um terço lenha tido a possibilidade de visitá-la.
De facto, a Expo 98 constitui para a maioria dos portugueses um motivo de orgulho, pelas razões de todos, pelas mais óbvias, e pelas razões de cada um de nós, que a apreciámos nas suas mais diversas facetas e pormenores; um motivo de orgulho pela obra, pela capacidade de realização, pelo esforço de todos quantos a conceberam e executaram; um motivo de orgulho pela qualidade, pelo arrojo, pela imaginação; um motivo de orgulho pelo reconhecimento dos países que se fizeram representar e a quem cumpre hoje agradecer o valorosíssimo contributo, indispensável para que esta fosse a maior exposição mundial de sempre, talvez uma das melhores exposições mundiais de sempre.
Só aqueles que não conheceram a zona oriental de Lisboa antes da intervenção provocada pela Expo poderão deixar de se sentir orgulhosos com a realização do evento, como não podemos deixar de reconhecer a utilidade e a qualidade das novas acessibilidades, o cuidado com as questões relacionadas com a limpeza e a higiene do recinto, como não podemos deixar de sublinhar, enaltecendo-as, a forma elevada, a simpatia e a urbanidade com que os funcionários, todos os funcionários, responderam às inúmeras solicitações com que, todos os dias, foram confrontados pelos muitos milhares de visitantes.
No entanto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o orgulho que sentimos, o orgulho que legitimamente sentimos e tornamos público não nos cega e não deverá cegar os portugueses que o sentem.
Dizemo-lo com a força da razão de quem, em tempo útil, deu a sua opinião e o seu contributo de forma frontal, alertando, então, para a realidade que hoje os factos, infelizmente, se encarregaram de confirmar, a razão de quem procurou sempre uma posição séria, equilibrada e consequente; a força de quem se preocupou sempre com Portugal e com os portugueses, pugnando pelo seu sucesso independentemente dos ataques, das críticas ou das ameaças.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - A razão e a força de quem, nunca tendo sido «Velho do Restelo», se recusa hoje a ser «Cristão Novo».
A verdade, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, c que temos a existência de duas Expo 98 a primeira e aquela de que os portugueses, de que nós e de que os senhores, tão legitimamente se orgulham. É a Expo dos oceanos, a que cumpriu o seu objectivos não que respeita à sensibilização da população mundial, em geral, e dos jovens, em particular, para os problemas relacionados com a poluição dos mares, a degradação do meio ambiente, da fauna e da flora marinhas. A Expo, como diz o poeta, de quem quer saber que os oceanos do país das fadas são, de novo, límpidos regatos, de quem acredita que pode contribuir para que os oceanos dos nossos filhos possam ser de novo os do país das fadas.
É a Expo das manifestações culturais, das exposições, dos concertos, do encontro de povos e culturas, de utopias feitas realidade e de realidades virtuais que se podem palpar. Uma Expo de «peregrinos» e de «máquinas de peregrinar», uma Expo de futuro.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Mas, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, existe outra Expo e, por mais que o queiramos, não a podemos ignorar. Esta é mais difícil de caracterizar, tem contornos menos bem definidos, não é digna de reconhecimento ou de aprovação e não nos provoca orgulho. É a Expo dos negócios e das negociatas, a Expo dos interesses pessoais e dos conflitos de interesses, da confusão de papéis desempenhados pelos mesmos protagonistas, muitas vezes de forma sofrível.
É uma Expo 98 sem regras, sem um sistema de fiscalização electivo e eficaz, em que, na confusão de papéis c de protagonistas a que aludimos e para a qual alertámos cm tempo útil, os fiscais se fiscalizam a si mesmos e onde não se pune quem prevarica, pois a norma, longe de punir o «crime» tipificado, nem sequer o tipifica.
É uma Expo 98 erigida na lógica despesista do aval do Estado e do empréstimo bancário, gerida por quem parece não perceber que o dinheiro que gere é dinheiro dos contribuintes e que, imperativamente, deve ser gerido com critérios de rigor e transparência indispensáveis à gestão do dinheiro público.
Contudo, a Expo nasceu, cresceu envolta em várias polémicas e foi uma realidade. E, hoje, termina como sendo rosto visível da expressão máxima da solidariedade entre os portugueses.
Se, por um lado, temos consciência da magnitude de um projecto como a Expo 98 e do volume das verbas envolvidas, por outro, não podemos aceitar a ligeireza de determinadas afirmações e a irresponsabilidade de quantos pensam, sem que disso façam segredo, que «num projecto como a Expo 98 um milhão de contos não tem significado».
A referência a tal facto não representa uma cedência da nossa parte a uma lógica de crítica fácil e oportunista. assente na reprodução descontextualizadas de determinadas afirmações. No entanto, não podemos aceitar que num País em que muitos sobrevivem com vinte e poucos contos por mês e onde a maior parte das pessoas que não visitou a Expo o não fez por falta de recursos económicos, se afirme que um milhão de contos navegando à deriva, seja num oceano ou num «mar de palha», não é significativo.

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Sr.as e Srs, Deputados, o que nos choca e o que choca os portugueses não é um