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1 DE OUTUBRO DE 1998 209

as pessoas querem é um Portugal que tenha os elevados padrões de qualidade que a Expo evidenciou.
Como sempre temos referido, comete um erro tremendo quem se quiser apropriar ou confundir com o sucesso e o impacto da Expo. Esta é uma realização de Portugal e dos portugueses e só ao País pertence. A humildade democrática exige de nós essa atitude c essa disponibilidade.
Agora que a Exposição vai terminar, os profetas da desgraça, que caracterizam a sua actividade política pelo ataque constante contra a política, os políticos, as instituições democráticas e a própria democracia, serão, com certeza, os primeiros a denegrir o trabalho realizado e os resultados obtidos, apelando, como é costume, à confusão, à demagogia e ao populismo, sem qualquer respeito pelo rigor intelectual e político dos cidadãos a quem se dirigem. Saibam esses que continuaremos e estaremos atentos.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A Expo 98 permitiu um verdadeiro salto cultural com todas as consequências que isso implica. Os cidadãos são hoje mais exigentes com a qualidade, não se conformando com a mediocridade ou a precariedade dos serviços que lhe são prestados. Exigem cada vez mais. Existe, pois, uma nova cultura de responsabilidade.
A melhor forma de combater alguma da nostalgia que nos pode assaltar é tudo fazer para conseguir extravasar o espírito da Expo para o novo espaço público que agora vai nascer, colocando-o à disposição das pessoas para elas o fruírem e o adquirirem como seu.
Por isso, e termino, é com orgulho que podemos afirmar que a Expo valeu realmente a pena.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados e Sr. Secretário de Estado: Antevendo o significado e o brilho das vossas intervenções, era para mim inconcebível que não juntasse a minha à vossa voz.

O Sr. José Magalhães (PS): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Mas não para acrescentar algo que fizesse falta, pois tudo foi dito, e bem. Dito, antes de mais, pelos milhões de visitantes da Exposição Mundial de Lisboa, nacionais e estrangeiros. Desde as dezenas de chefes de Estado e de Primeiros-Ministros que a visitaram e encheram de encómios, até aos mais de nove milhões de cidadãos de todas as proveniências e classes sociais que, pacientemente, a percorreram, resistindo sem um protesto, antes com elogios, às longas bichas de acesso aos pavilhões da sua preferência.
Imperadores, reis, príncipes, fidalgos e honráveis plebeus, altos representantes de organismos internacionais; exemplares luzidios do jet set e gente simples para quem o custo do bilhete representava um desafio. Caras familiares e semblantes exóticos desfilaram, lado a lado, a testemunhar a mundialização dos gostos, das preferências e dos entusiasmos, que é uma das características do nosso tempo.
No interior de cada uma das 161 representações externas - um número recordo em exposições deste género -, a exibição das identidades nacionais que heroicamente resistem ao rolo compressor de uma informação universal que persistentemente as nivela. Cá fora, a globalização do gosto por este tipo de certames.
Desde o Rei de Espanha, que quis ser gentil para com Portugal, declarando que a Exposição de Lisboa era melhor do que a de Sevilha, até às opiniões anónimas recolhidas por esse avassalador bisbilhoteiro que é o microfone portátil, os visitantes reconheceram, una você, que a Expo 98 foi um assinalável êxito.
Faltava alguém que confirmasse essa opinio communis em representação dos portugueses que não tiveram a possibilidade de visitá-la. Encarregaram-se disso os Srs. Deputados nesta mesma cerimónia, que legitimamente os representa. Esta sessão, no que se refere ao êxito já alcançado, está decorrendo, com alguns «grãos de sal», em regime de partido único. Mesmo em democracia, de quando em vez, a unanimidade acontece. Acontece, por regra, quando um povo se reencontra consigo mesmo no orgulho de ter sido o que foi e/ou de ser o que é.
A história dos povos é quase sempre um jogo de luzes e sombras. A nossa não foge a essa regra. Tivemos horas de grandeza, exaltação e glória, mas também espaços de amargura e apoucamento. Mas, no seu conjunto, a História do nosso País é uma das mais brilhantes que se conhecem. Poucas pátrias podem vangloriar-se de ter desempenhado um papel tão decisivo para a Civilização em que nos integramos. Mas, como se sabe, o sentimento de patriotismo esteve, até recentemente, ligado a um território, à independência e à identidade de um povo, ao heroísmo posto no seu engrandecimento e na sua defesa.
A separação do Reino de Leão; a reconquista aos mouros do espaço nacional de sempre: a preservação, sem beliscadura, do espaço territorial conquistado; a autonomização da língua portuguesa e os monstros sagrados que a representam (Gil Vicente, Camões, Pessoa, entre tantos); a segunda reconquista, agora ao transitório domínio castelhano; a saga magnífica das descobertas que arredondaram o Mundo e aproximaram os antípodas; um século de domínio dos mares, de Lisboa até à China e ao Japão; a construção, daqui até ao Extremo Oriente, de fortalezas militares que, actualizadas, podem ombrear com algumas das mais importantes edificações de hoje em dia; o povoamento do Brasil, a preservação da sua unidade territorial e a abertura à sua independência; a derrota dos exércitos de Napoleão; a defesa, enquanto foi tempo dela, do nosso património colonial, alvo de tantas cobiças; o flanqueamento das mentalidades à vaga liberal e aos valores republicanos; o 25 de Abril e o alinhamento pelos ventos da História; a opção europeia e o desígnio de ajudar a construir a sua unidade são algumas das mais salientes razões justificativas do nosso orgulho em sermos portugueses.
Mas estas foram as luzes. As sombras foram, entre outras, o domínio castelhano; o atraso civilizacional subsequente à aventura dos mares que fomos deixando acumular, a viver de passadas grandezas; a noite escura da Inquisição; a expulsão dos judeus; a resistência até fora de época da abolição da escravatura; formas menos cristãs de exploração colonial; a sangrenta guerra civil entre liberais e absolutistas; a noite salazarista; a recusa de uma descolonização a tempo; uma década de guerra colonial em três frentes; as dificuldades da institucionalização de uma democracia pluralista após o movimento libertador do 25 de Abril.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Uns se agarram às luzes, outros fazem prevalecer as sombras. Mas temos de reconhecer