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206 I SÉRIE - NÚMERO 7

milhão de contos gasto, é, sim, um milhão de contos mal gasto. É um, vários, talvez muitos, milhões de contos que não sabemos onde e como foram gastos. Um, vários, talvez muitos, milhões de contos que são dos contribuintes, que representam o esforço de milhões de portugueses.

O Sr. Silvio Rui Cervan (CDS-PP): - É verdade!

O Orador: - Considerar um milhão de contos insignificante num país como Portugal, ainda que cm determinado contexto, é politicamente pouco sério. Tornar pública esta consideração é um ultraje para os hospitais mal equipados, para as IPSS (Instituições Privadas de Solidariedade Social), para quantos aguardam anos nas listas de espera dos hospitais e para quantos têm pensões de miséria.
Nenhum destes problemas poderia ser resolvido com um ou outro, com vários ou mesmo com os muitos milhões gastos na Expo mas qualquer destes milhões errantes, gastos, muitas das vezes, por quem se aventura nos caminhos da má gestão ou da linha ténue que a separa da gestão danosa, seria, estamos em crer, uma ajuda preciosa para muitos c muitos portugueses.

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Num País de recursos escassos qualquer milhão de contos mal gasto na Expo representa um milhão de contos desviado de outros investimentos de que o País tanto continua a carecer.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, entendemos, pois, que o País tem direito a saber não rumores mas, sim, contas certas. Impõe-se que terminada a festa, a obra de reconversão urbana não seja afectada por escândalos que se vão descobrindo sucessivamente.
Assim, apure-se tudo de uma vez pondo fim a esta onda de suspeição, penaliza-se quem prevaricou e sente-se quem não o fez. Esta é uma das obrigações que impende sobre o Governo.

O Sr. Silvio Rui Cervan (CDS-PP): - E é séria!

O Orador: - A outra obrigação é tornar públicas as suas intenções quanto ao modelo de gestão c as garantias de seriedade que oferecem no que concerne à administração do património remanescente e do que, à sua volta, está feito mas não pago eu por fazer e por pagar.
O fim da Expo 98 representa, para nós, o início de um novo projecto não menos importante e ambicioso, ou seja, o de não subtrair novamente à cidade e ao País uma área e um conjunto de infra-estruturas que a Expo 98 teve o mérito de lhe conceder ou devolver.
A apreensão que manifestamos resulta de ainda não estar conhecida nem definida a entidade que terá o encargo de levar a cabo as importantíssimas tarefas que atrás enunciámos.
Terminamos formulando um desejo, isto é, que desta feita as apreensões e dúvidas que manifestamos não venham a ser confirmadas, para benefício de Portugal, dos portugueses e do espírito que presidiu ao desenvolvimento deste projecto comum Contudo, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, queremos crer que valeu a pena.

Aplausos do CDS/PP.

O Sr. Presidente: - Em nome do Partido Social-Democrata, tem a palavra o Sr. Deputado Ferreira do Amaral, para uma intervenção.

O Sr. Ferreira do Amurai (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É com especial satisfação que subo a esta Tribuna para uma curta intervenção a propósito da Expo 98, que hoje se encerra.
Tal como milhões de portugueses, também não posso esconder o enorme sentimento de orgulho, que a todos toca, perante aquilo que a Expo 98 nos revelou.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Todos gostámos, todos nos emocionámos e todos nos maravilhámos. Mostrámos a nós próprios, e também ao mundo, o que somos capazes de fazer quando queremos. Somos melhores do que às vezes pensamos. Como estamos habituados ao estranho prazer de, constantemente, nos diminuirão aos nossos próprios olhos, não foi sem surpresa que muitos de nós nos contemplámos nesse espelho gigantesco que reflectiu uma imagem nova de Portugal. E todos gostámos da imagem que vimos reflectida.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Neste sentido, a Expo 98 configurou um verdadeiro consenso nacional e todos os portugueses que a visitaram ou que dela tiveram notícia sentiram-se, certamente, mais confiantes em si próprios, avaliaram seguramente melhor a sua própria dimensão e passaram a acreditar um pouco mais no êxito do futuro colectivo que, dia-a-dia, nos desafia.
Mas a Expo 98, com o seu próprio sucesso, encerra algumas lições que convém manter sempre presentes e que seria bom que todos soubéssemos aproveitar. Ela mostra como é importante para um pequeno País saber pensar em grande, planear com rigor, ter uma estratégia segura, executá-la com ambição e aceitar os riscos dos desafios difíceis sem virar a cara, sem hesitações e sem escapatórias.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - As apostas dos pequenas países, pela natureza das coisas, são sempre grandes apostas que têm de ser ganhas porque, geralmente, não têm segundas oportunidades.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Foi esta, desde o início, a verdadeira história da Expo 98, ou seja, uma luta difícil. Em muitas alturas, contra ventos e marés, uma luta em que foi necessário vencer resignações, ultrapassar pessimismos, ignorar visões mesquinhas e vencer, afinal, tudo aquilo que, em meu entender, não traduz outra coisa se não o receio atávico que tantas vezes nos paralisa na altura de realizar em grande.
Foi necessário vencer tudo isso através de uma enorme confiança e, também, de um enorme esforço. Sabíamos todos que era um combate que valia a pena e que no fim, como se viu, ficariam inevitavelmente para trás as antevisões apocalípticas, os desaires anunciados, os augúrios sombrios daqueles que, afinal, estão sempre bem como estão.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, a Expo 98 é um dos expoentes mais altos de um ciclo de ouro das obras públicas portuguesas que ainda não está totalmente encerra-