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não está preocupado com a governabilidade dos orçamentos familiares, dos orçamentos dos trabalhadores, dos orçamentos dos jovens que compraram casa própria e que, por isso, se encontram numa situação extremamente difícil, dos orçamentos dos pensionistas e dos reformados.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Esta é que é a questão central da governabilidade e da estabilidade.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Com todo o gosto, Sr. Presidente.
Sr. Deputado Carlos Carvalhas, três precisões: em primeiro lugar, se é verdade que há trabalhadores da função pública que tiveram aumentos de 2,5%, é também verdade que os aumentos da massa salarial foram muito superiores e, porventura, mais de metade dos trabalhadores da função pública tiveram, este ano, aumentos superiores a 2,5%. E a massa salarial andará pelos, neste momento não tenho de cor, 8% ou 9%. Mas não é isso que está em causa.
O que está em causa é dizer que aquilo que eu aqui prometi será cumprido e, portanto, àquilo que for a normal negociação com os sindicatos da função pública e o seu resultado será acrescentada a perda do poder de compra que os trabalhadores menos bem remunerados, ou seja, os que tiveram 2,5%, tiverem este ano.
Em segundo lugar, a previsão da inflação apresentada não é de 2,5% mas de 2,7%.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - No próximo ano!

O Orador: - Sim! Para o próximo ano, a previsão da inflação é de 2,7%. Vem nos jornais 2,5%, mas isso não corresponde ao documento entregue pelo Governo ao Conselho Económico e Social. Aliás, esse valor vem com um asterisco, dizendo que aguardamos necessariamente para ver aquilo que se vai passar nos próximos tempos e as próprias previsões da União Europeia para podermos acertar esse valor, porque queremos que ele tenha o máximo de realismo.
É evidente que as pressões inflacionistas que existiram este ano ultrapassaram todas as nossas expectativas - reconheço-o sem qualquer problema -, elas vieram do exterior. Vamos ver qual é a abordagem do próximo ano nesse domínio para fixar o valor definitivo para a previsão da inflação.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, queria colocar-lhe uma questão que, até agora, tem estado ignorada deste debate quer pelo PSD, partido que apresentou a moção de censura, quer pelo Sr. Primeiro-Ministro, que entendeu não atribuir grande importância à questão e que, pura e simplesmente, a ela não se referiu.
A questão em concreto é a que se prende com um problema extremamente importante, o da desigualdade entre mulheres e homens na nossa sociedade, «uma chocante desigualdade» (eram as suas palavras), uma desigualdade no plano do emprego, uma desigualdade no plano salarial, uma desigualdade «que persistia» (assim o dizia o Eng.º Guterres, no ano passado) na nossa sociedade e que justificava a criação do lugar de Ministra para a Igualdade como prova da sua não resignação perante esse facto.
Sr. Primeiro-Ministro, nós não fazemos parte daqueles que reivindicaram a criação deste lugar, nós não nos incluímos, tão-pouco, se esteve atento à imprensa, no grupo daqueles que, tendo sempre criticado fortemente, em privado, a criação deste lugar, vieram agora, espantosamente, a público, manifestar a sua indignação, nós incluímo-nos, seguramente, no grupo daqueles para os quais a igualdade é importante, para os quais esta não é uma questão folclórica ou menor, para os quais esta é uma questão de sociedade e de projecto de sociedade.
Aquilo que eu gostaria que dissesse, Sr. Ministro, e que, até agora, não fez é a razão pela qual, pura e simplesmente, é extinto este lugar e não se encontra politicamente expressão daquilo que era a prova da sua não resignação.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Com todo o gosto, Sr. Presidente, e prestando, aliás, homenagem ao trabalho da minha colega que desempenhou essas funções.
O problema foi o de se ter criado um lugar que não tinha a apoiá-lo uma estrutura suficientemente eficaz. A minha convicção, feita a experiência, é a de que não vale a pena «construir a casa pelo telhado», vamos solidificar os «alicerces e as paredes» para depois lhe colocarmos o «telhado político» correspondente.
Em qualquer caso, o Sr. Ministro da Presidência é responsável por todo o conjunto de acções que, a esse nível, vão ser desenvolvidas e aquilo que vamos fazer é melhorar a qualidade do trabalho de todas as áreas que dependem deste sector nos diversos ministérios e criar as condições para que, eventualmente no futuro, possa fazer sentido a criação de um lugar político, então, sim, com instrumentos de acção que, neste momento, manifestamente, não existiam.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.

O Sr. Francisco Louçã (BE): - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Sr. Primeiro-Ministro, disse ao País que o Governo cometeu erros. E, certamente, o pior erro é não corrigir os erros que se reconhecem.
O Governo cometeu, no entanto, muitos erros. Cometeu um erro na avaliação da inflação e cometeu o erro de enganar, com isso, os trabalhadores da função pública. Cometeu um erro nas taxas de juro e, com isso, cometeu o erro de não orientar a economia. Cometeu o erro de «manter os olhos fechados e a mão morta» em relação a benefícios fiscais, em relação ao off-shore da Madeira, que agora é criticado pela Comissão Europeia, em relação ao adiamento da reforma fiscal, em relação à saúde - temos uma