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O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

A Oradora: - Portanto, não pode fazer a comparação das duas realidades, o que seria sempre um ponto essencial.
O outro ponto essencial é que, naquela altura, a Europa estava em crise e, neste momento, não está. Como o Sr. Primeiro-Ministro bem sabe, nos últimos anos, é a primeira vez que Portugal não cresce mais do que a média europeia num momento em que a Europa cresce a bom ritmo. É a primeira vez que tal sucede! Este é um ponto grave, sobre o qual o Sr. Primeiro-Ministro deveria dar qualquer espécie de tranquilidade ao País ou, no mínimo, apontar qual o caminho a seguir.
O senhor fala tanto nas alternativas que o PSD deveria apresentar mas, sendo Governo, não diz o que vai fazer amanhã. Nós temos de dizer o que faremos daqui a um ano ou daqui a dois meses, mas o senhor não diz o que vai fazer amanhã! Nessa circunstância, evidentemente, deixa-nos uma enorme intranquilidade.
Para além disto, o Sr. Primeiro-Ministro dá a sensação que está contente com a inflação, pois considera-a uma coisa menor, invocando a inflação que vigorava no tempo em que o PSD era governo. Sr. Primeiro-Ministro, no tempo em que o PSD era governo chegou a vigorar uma inflação de 20%, e até superior, mas era uma época completamente diferente!
O problema da inflação, neste momento, tem a ver com o facto de ela ter de ser comparável com a de outros países, mas o senhor nem as pode comparar porque não há mais nenhum país que tenha a política de combustíveis que nós temos. Só introduzindo uma política de combustíveis à semelhança dos outros países é que poderá comparar a nossa inflação, por exemplo, com a de Espanha. Os números absolutos por si só nada dizem! Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, não torne a comparar o valor da nossa inflação com o de Espanha porque não são comparáveis. Não são!

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

A Oradora: - Por outro lado, Sr. Primeiro-Ministro, parece que estamos com enorme orgulho do nosso défice externo! Isto é, parece que me devo sentir verdadeiramente orgulhosa por, do grupo dos países do euro, o nosso ser o que tem o maior desequilíbrio externo! Parece que estarmos em primeiro lugar é motivo de orgulho!
Ó Sr. Primeiro-Ministro, este é um ponto altamente preocupante! O Sr. Primeiro-Ministro disse uma palavra a este Parlamento sobre o que pensa fazer quanto a este aspecto? Disse como vai inverter as tendências e as expectativas das pessoas e dos agentes económicos no sentido de alterar esta situação?
O Sr. Primeiro-Ministro diz que não estamos em crise, mas o Governador do Banco de Portugal disse, na Comissão de Economia, Finanças e Plano, aquilo que cada um de nós mais ou menos sabia ou pressentia: se não houver qualquer tipo de alteração entraremos numa crise seriíssima! Ora, isto significa que essa alteração tem de existir! O Sr. Primeiro-Ministro veio ao Parlamento, mas não disse uma palavra sobre a alteração da política económica que vai ter lugar.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Muito bem!

A Oradora: - Que alteração é essa?

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Não há!

A Oradora: - Por que está o Sr. Primeiro-Ministro tão interessado em saber o que pensamos? Para sermos seus assessores económicos? Não, Sr. Primeiro-Ministro! Com certeza que temos as nossas propostas, mas gostaríamos, antes de mais, de ouvir as suas, porque são aquelas que vão gerir as expectativas dos agentes económicos.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Exactamente!

A Oradora: - Este é um ponto essencial em política económica, mas, pelos vistos, o senhor continua a considerar que está tudo bem. Aliás, considera que está tudo tão bem que o que faz para se desculpar é mostrar o que acontecia há uns anos numa situação que não é comparável, Sr. Primeiro-Ministro.
Como não é comparável, tudo o que façamos nessa circunstância leva a que o povo português, que viveu muito bem nessa época, pois o período do cavaquismo é o mais brilhante da história democrática deste país,…

Vozes do PSD: - Muito bem!

Risos do PS.

A Oradora: - … considere que a situação que o senhor está a proporcionar é ainda melhor do que essa. Sr. Primeiro-Ministro, como se sabe que não é assim, a sua credibilidade passa por fazer um acto de contrição e dizer:«Isto está mal, por isso vamos enveredar por outra via».
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, estamos verdadeiramente ao contrário do resto do mundo! Será que é o mundo que está errado e nós certos? Penso que não, Sr. Primeiro-Ministro. E este é um facto sobre o qual não há dúvida alguma, pois qualquer analista económico diz o mesmo. Assim sendo, é grave que o senhor teime em esconder este aspecto.
Da mesma forma, o Sr. Primeiro-Ministro e o Sr. Ministro do Equipamento Social têm falado de uma forma muito superficial, do meu ponto de vista, sobre a questão dos operadores para a terceira geração de comunicações móveis. Este é um assunto sério, Sr. Primeiro-Ministro!

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Exactamente!

A Oradora: - Não é um assunto menor pensarmos se, neste momento, entram para o Estado cerca de 80 milhões de contos ou se entrarão 800 milhões de contos! Não é um assunto menor, é um assunto que tem e deve ser discutido!
Não sei qual é o valor, mas se pressuponho que pode ser muito diferente, não percebo porque não aceita o Governo uma avaliação nesta matéria. O critério que os senhores estão a seguir e o argumento que utilizam para demonstrar a validade e a bondade de semelhante opção é rigorosamente o argumento inverso ao que os senhores utilizam para fazer as estradas por via das SCUT! É rigorosamente o argumento inverso!