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O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Exactamente! Faz-se agora e paga-se depois!

A Oradora: - E como é rigorosamente o argumento inverso, gostaria bem de saber se este é um problema de oportunidade ou de política. É que, se é um problema de política, o senhor não podia ter «feito» estes 80 milhões de contos; se é um problema de oportunidade, isso, então, já não discuto, o povo que o julgue.
Além do mais, como sabe, os outros governos socialistas têm tido uma posição diversa desta, portanto, mais uma vez, provavelmente, estamos numa situação em que todos os outros estão errados e nós é que estamos certos.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Há o caso escandinavo!

A Oradora: - Sr. Primeiro-Ministro, gostaria que este tipo de discussão fosse fundamentada, com regras e com a verdadeira noção do que pode acontecer ao País. Nesse sentido, devo dizer-lhe que pensava que o senhor dissesse alguma coisa sobre a forma como vai organizar o Orçamento do Estado, especialmente quando, por via do seu partido, não deixou passar a lei de enquadramento orçamental. Ora, isso faz-nos pressupor que aquilo que o senhor, mais uma vez, vem apresentar ao País, e está preparado para fazer, é uma mistificação daquilo que é o documento do Orçamento do Estado.

O Sr. António Capucho (PSD): - Muito bem!

A Oradora: - Ó Sr. Primeiro-Ministro, pode mistificar à vontade, porque a mistificação que, neste momento, existe em todas as contas nacionais na Europa tem como consequência óbvia o valor do euro em relação ao dólar!

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Não vale a pena estar-se a encobrir por um lado porque está-se a destapar pelo outro; não vale a pena continuar a lamentar os prejuízos que as populações estão a ter devido a este tipo de desvalorização porque a sua origem está exclusivamente no facto de as pessoas começarem a não acreditar no euro. E não acreditam no euro porque as políticas económicas que estão a ser seguidas são, em grande parte, tão fictícias quanto a nossa.
Gostaria, Sr. Primeiro-Ministro, que utilizasse alguns dos seus conhecimentos e que na sua internacionalização, de que tanto gosta de falar, de alguma forma defendesse o que é bom para a Europa, para que não seja fatal para Portugal.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos à Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel dos Santos.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, o seu líder partidário afirmou ontem, numa entrevista, que as moções de censura eram momentos para discutir a real situação do País, presumo que também a situação económica. Ora, trata-se de uma interpretação pessoal. Não é bem assim, porque isso acontece sobretudo nos debates sobre o estado da nação, mas concedo que possa discutir-se a real situação do País.
A visão que VV. Ex.as aqui trouxeram, nomeadamente a Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, é a de que vivemos em plena catástrofe económica. É essa a vossa percepção da situação do País!
Foi amplamente justificado na intervenção do Sr. Primeiro-Ministro, e tem sido denunciado por nós em várias intervenções ao longo do tempo, que essa visão não corresponde minimamente à verdade: não corresponde às estatísticas nem, sobretudo, ao espírito e à avaliação que os portugueses fazem da situação económica do País.
Não tenho, infelizmente, nenhum livrinho para oferecer-lhe... Aliás, se pudesse fazê-lo, oferecer-lhe-ia um livro para o futuro, porque o que nos ofereceram é um livro do passado, que o povo português já rejeitou e que, portanto, não tem interesse nenhum. A não ser que VV. Ex.as queiram reproduzir esse livro nas próximas eleições, o que seria «o já visto»!…
Mas, não tendo nada para oferecer-lhe, disponho de alguns dados recentes sobre a evolução da situação económica, que colocam claramente em crise as suas afirmações. Por exemplo, neste momento - e a Sr.ª Deputada não o desmentirá -, as exportações estão a crescer mais do que as importações; o crescimento do PIB para 2000 e 2001 vai ter por base as exportações e o investimento, o que, manifestamente, é um modelo de crescimento do PIB bastante mais saudável ou salutar, como todos nós sabemos, nomeadamente os economistas, em relação ao futuro; vamos, seguramente, ter um défice orçamental abaixo de 1,5%, cumprindo o pacto de estabilidade; pela primeira vez, desde há muitos anos a esta parte, não haverá, provavelmente, um orçamento rectificativo; o investimento estrangeiro tem crescido, sobretudo em áreas de valor e qualificação e não exactamente como sucedia no vosso tempo, em que isso acontecia em áreas comerciais e em áreas em que, manifestamente, não era necessária a mais-valia tecnológica estrangeira; a segurança social acomoda o excedente de 600 milhões de contos, o que permite, finalmente, dizer que temos um espaço de visão, de manutenção e de força desse sistema absolutamente fundamental para os mais carenciados, sem que, obviamente, estejam resolvidos todos os problemas.
Portanto, não vejo, Sr.ª Deputada, onde está o cenário de catástrofe que VV. Ex.as aqui nos trazem!…

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Quem não quer não vê!

O Orador: - Mas gostaria, e foi por isso que estive muito atento à sua intervenção, que a senhora respondesse a quatro questões - a uma delas, aliás, respondeu lateralmente. Tinha-as aqui, preparadas, e estava à espera da sua intervenção.
Primeira questão, a que, de algum modo, respondeu: parece que, finalmente, a senhora desautorizou as afirmações feitas há uns tempos atrás pelo porta-voz do seu partido para a economia, o qual queria a saída do escudo do euro.