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mentos teóricos! Talvez isto seja uma questão de semântica e talvez eu não tenha razão!
Nada temos a opor às ideias gerais que aqui são formuladas, pois são de tal forma óbvias que dificilmente não contentarão todos. Ora, é aqui, precisamente, que reside a nossa dificuldade, que exemplificamos, passando em revista a via sacra dos diversos graus de ensino ministrados em Portugal.
Começamos pelo ensino superior binário, que espero seja em breve regulamentado, com a contribuição dos subscritores do documento em apreço.
Que vemos? A inaugurar este ano, o espectáculo deprimente de haver escolas que se queixam de falta de verbas para funcionar. Venham estas a ser descativadas ou não, a verdade é que as imagens contam e era uma imagem a evitar. Sei que vão resolver o problema, portanto, não vou insistir nele, mas, de facto, teria sido de evitar que, logo no início do ano lectivo, os noticiários abrissem com notícias daquele tipo.
De qualquer forma, os cerca de 52 600 candidatos ao ensino superior vão ser praticamente absorvidos no sistema de ensino, uma vez que estamos convencidos de que os que ainda não entraram poderão vir a ser colocados, mesmo que seja em cursos mais caros e privados, mesmo que não seja em cursos da sua vocação.
Ao falar de vocação, não posso deixar de referir o caso de Medicina, em que a nota alta é sinónimo de capacidade vocacional, o que, para mim, não é verdade,…

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - … tanto mais quando vemos ainda não satisfeito, por exemplo, o pedido de financiamento para a Faculdade de Medicina de Coimbra - essa, sim, está consciente de que nem sempre é suficiente a nota alta! - para proporcionar aos seus alunos mais prática hospitalar e menos conhecimentos «sebenteiros». Se calhar, isto até já foi resolvido - espero que sim! -, portanto, não me vão apanhar nessa, porque sei que, quando as coisas são muito óbvias, os senhores, uma vez «encostados à parede», sempre vão resolvendo os problemas! Além disso, Coimbra, dizia o Dr. Manuel Alegre, é o centro de Portugal, e o resto é treta…!

Risos.

E, apesar de ser olisiponense, eu gosto de Coimbra, portanto, não há qualquer problema!
O mesmo poderia dizer-se do ensino politécnico em que, segundo pudemos informar-nos, se dá maior preferência ao ensino teórico do que à vertente prática que, a nosso ver, deveria processar-se no seio das empresas, motivadas por incentivos, bem entendido, para tal colaboração.
Presenciei, há pouco tempo, a conversa entre dois alunos politécnicos de hotelaria, um português e um alemão, em que este último dizia que tinha um dia de aulas teóricas por semana, a que se seguiam quatro dias de aulas práticas, enquanto o português - felizmente, filho de hoteleiros! - relatava exactamente o inverso.
Mas deixemo-nos do ensino superior, que é frequentado por adultos e que sempre encontrará maneiras de se desenvencilhar dos problemas que tem.
O mesmo não se passa com o ensino secundário, que corresponde a uma fase fundamental da nossa juventude e que poderá decidir, favorável ou desfavoravelmente, quanto ao seu futuro.
Que vemos aqui? De um total de 105 000 alunos - julgo não me enganar nos números, extraídos das estatísticas relativas a 1998/1999 -, 77 000 frequentaram os cursos gerais, 20 000 os cursos tecnológicos e 8000 os cursos profissionais. Pode ser que eu esteja enganado, mas há uma grande desproporção entre estes três pequenos universos. Pergunta-se: de que necessita mais o País? Dizem os empresários que lhes falta mão-de-obra qualificada, capaz de enfrentar a difícil tarefa de trabalhar com máquinas, com números, com cálculos, que, devido à sofisticação do equipamento agrícola e industrial, são uma necessidade quotidiana.
Fui informado de que os cursos tecnológicos têm sido objecto de críticas por serem considerados discriminatórios. Mas será mais discriminatório ter concluído um curso tecnológico ou profissional com sucesso e ter um emprego remunerado, ou ter obtido o chamado «canudo» e viver à procura de um emprego que não se encontra ou, se se encontra, está muito abaixo do nível para que se estudou durante 17 ou 18 anos?
É obrigação do Estado discutir com a sociedade qual o caminho a seguir, depois de a ter feito compreender quais as lacunas existentes no mercado de trabalho e quais as perspectivas de um bem-estar possível que sirva o País.
Se observarmos o que se passa nos três ciclos do ensino básico, que a nosso ver é o decisivo na vida do ser humano, notamos que os currículos são sucessivamente desproporcionados para as idades dos alunos que nesse nível de ensino ingressam; que os livros são escritos num estilo por vezes inacessível, mesmo a quem tenha merecidamente obtido um canudo. Neles se sente que os seus autores para eles verteram toda a sua sabedoria sem a ter feito passar pelo crivo do bom senso que a todas estas publicações deve presidir.
A verdade é que, desde os primeiros anos do básico, as crianças nem crianças podem ser, porque não podem brincar. Muitas vezes, nem há tempo nem dinheiro para que estudem acompanhadas as matérias em que têm mais dificuldades em compreender.
Não é por acaso que ouvimos perguntas feitas por crianças da Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclos de Tadim, em Braga, como as que passo a relatar: «Será que os alunos do século XXI deixarão de tremer de frio por falta de aquecimento das escolas?» - Rui, 5.º A; «Será que no século XXI os alunos continuarão a mudar constantemente de professor? Para quando a estabilidade?» - Renato, 5.º A; «O que será do ensino do novo século, com conteúdos programáticos cada vez mais extensos e a carga horária cada vez maior?» - Sérgio, 5.º A. Este «maldito» 5.º A faz aqui um autêntico «bombardeio» de perguntas!
Quer sejam originais, quer sejam sugeridas pelos mais velhos, estas perguntas singelas fazem-nos pensar e tocam na realidade quotidiana do actual estado do ensino, ou melhor, do estado do ensino em que continuamente nos temos encontrado.
Como pode imaginar, nem sequer vamos discutir a inegável utilidade do ensino pré-escolar. Tudo faremos para que ele seja estendido a todo o País, sobretudo como forma de preparar as crianças que vêm de zonas mais desfavorecidas, que provêm de famílias com maiores necessidades para que não se sintam discriminadas quando no ensino básico se sentam ao lado de crianças que tiveram maiores facilidades e que vêm de meios com mais