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quais não tem qualquer transferência possível, e quando ela existe é através de passes multimodais ou de passes limitadamente multimodais que atingem preços muito superiores àquele que os 300$/dia indicariam. Por exemplo, o passe L123 custa 7200$; o passe combinado da Fertagus/Carris/Metro/TST custa, a partir do Pragal, 7850$, mas, se for a partir do Fogueteiro, custa 10 910$. É ou não correcto, na gestão racional desta estrutura de transportes públicos, ter uma integração que também permita ter, por exemplo, um sistema de park and ride, por forma a dissuadir a entrada de automóveis no centro da cidade através do bilhete combinado entre o passe multimodal e o bilhete de acesso ao parqueamento nestes parques dissuasores? São estas estratégias suficientemente experimentadas para nos darem boas indicações a este respeito.
Em terceiro lugar, faz-nos falta, Sr. Ministro, um plano integrado dos transportes ferroviários, e não o temos em Portugal. Temos, aliás, um documento interno da CP, mas não temos um documento com o valor legítimo de um debate nacional e de uma resolução tomada em instâncias próprias sobre o planeamento do transporte ferroviário e, em geral, do transporte pesado de superfície. Esse plano deveria incluir, na colaboração com as áreas metropolitanas, as redes circulares de eléctricos rápidos de superfície, que podem, com vantagem sobre o metropolitano, do ponto de vista do custo, da acessibilidade, da rapidez e até do conforto, responder a procuras muito importantes, nomeadamente na zona de Lisboa.
Em quarto lugar, parece-nos essencial responder também a um problema de controlo da procura nos transportes privados. A ideia da intervenção por via do preço continua a ser fundamental deste ponto de vista. Aliás, nem percebo muito bem por que é que se argumenta contra ela. É certo que se pode dizer que há outros factores que são importantíssimos e que para algumas populações são ainda mais importantes, mas o argumento do preço é incontornável. A ideia de uma majoração do imposto automóvel e do imposto de circulação em função do volume e da qualidade das emissões parece óbvia e foi, aliás, discutida e testada em alguns outros países. Tem, portanto, todo o sentido intervir do ponto de vista do preço e do ponto de vista fiscal em relação a problemas essenciais da sustentabilidade ambiental e do grau de congestionamento e de utilização de transportes públicos. Há, aliás, outros sinais de preço que já estão experimentados noutros países, onde, por exemplo, nas portagens das vias radiais de acesso à cidade, se pratica uma isenção de portagem quando o carro tem, pelo menos, três ocupantes. É um sinal de preço, de um privilégio a um transporte privado, mas utilizado colectivamente diminui, portanto, o congestionamento de uma forma prática. Lembro que, em algumas vias de acesso a Madrid, está a ser experimentado este tipo de política de tarifas de portagens e que tem dado um resultado absolutamente conclusivo. Logo, é também uma experiência que se pode fazer.
Termino dizendo que me parece indispensável que desta discussão possa resultar uma ideia de conjunto sobre os transportes que assente em escolhas estratégicas da prioridade do transporte público sobre o transporte privado e da garantia das condições para que o transporte público tenha uma oferta capaz de responder à procura, em termos das necessidades, de conforto, de horários e de preços. Parece-me ainda necessário que essa estratégia assente nesse vector essencial de transportes, porque é isto que pode mudar a face das nossas cidades. E, em alguma medida, apesar dos particularismos, apesar dos interesses específicos de alguns sectores, o que o Dia Europeu Sem Carros provou é que esta exigência é fundamental e é, hoje em dia, parte do debate do cidadão e do debate democrático.

O Sr. Presidente (Narana Coissoró): - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Epifânio.

O Sr. José Manuel Epifânio (PS): - Sr. Presidente, aproveito para esclarecer o Sr. Deputado Francisco Louçã, até pelo facto de eu ser um dos subscritores do projecto de resolução apresentado pelo Partido Socialista, de que não pus em causa a necessidade da implementação de títulos multimodais. O que fiz foi chamar a atenção da Sr.ª Deputada Isabel Castro para o facto de já há muitos anos existirem passes multimodais, coisa que ela agora, no seu projecto de resolução, exige que se implemente. Se essa situação já está implementada há tantos anos, talvez não valha a pena formular agora uma exigência de forma tão veemente. Aliás, penso que o Sr. Deputado, ao chamar-me a atenção para essa situação, revela ter estado pouco atento.
Por outro lado, penso que o projecto de resolução apresentado pelo Bloco de Esquerda, que posso subdividir em três grandes blocos, também revela pouca atenção. O primeiro desses blocos exige a implementação de um conjunto de obras e de um conjunto de situações que estão a ser implementadas no terreno - e o Governo, estando aqui presente, pode dar esclarecimentos a esse respeito -, o que quer dizer que os senhores têm andado, no mínimo, pouco atentos àquilo que se vai passando.
Depois existe um segundo bloco de propostas que não cabem num projecto de resolução de medidas a propor ao Governo, já que estas são para um outro patamar do poder que é o poder municipal, ou seja, as autarquias locais.
Por último, há um terceiro bloco de propostas politicamente correctas, bonitas de se defenderem e de se ouvirem, mas que, de facto, revelam alguma impossibilidade de concretização e mesmo alguma demagogia. Obviamente, concordo que se deve incentivar, se calhar de forma cultural, a utilização do transporte individual por mais de uma pessoa, mas torna-se, porventura, extremamente difícil compatibilizar, em termos tecnológicos, as situações existentes nas portagens com a proposta do car-pooling que VV. Ex.as apresentam. Gostava de saber como é que isso funciona com a Via Verde. Como é que a Via Verde distingue o carro que transporta três pessoas daquele que transporta apenas uma pessoa. Se for pelo peso, penso que estarei beneficiado, porque, certamente, passarei sempre sem pagar portagem; se não for pelo peso, é difícil definir essa situação.
Por último, pergunto: como é que o Sr. Deputado compatibiliza a penalização dos automóveis mais poluentes e menos seguros através da maior incidên