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0211 | I Série - Número 06 | 03 De Setembro De 2000

guramente, por ele algum apreço. Enfim, ele representa, com certeza, algum valor elevado na sua lista de prioridades.
Referiu-se a uma matéria de grande importância, a dos conselhos coordenadores - e ainda bem que há avanços nesse sentido -, mas queria pedir-lhe que se referisse a outra, que é a dos tais passes multimodais.
Foi aqui dito - e foi um pequeno instrumento de polémica, talvez desnecessário - que os passes multimodais actualmente coordenam a transferência entre vários modos de transporte, mas não são gerais, e a experiência do bilhete de 300$, no dia sem carros, apontou para uma preocupação, que é a da universalidade de um título de transporte, porventura associado até ao «park and ride» para a dissuasão da utilização do transporte privado.
O que pretendo saber, Sr. Ministro, é se o Governo está aberto a acolher a proposta que fazemos, nomeadamente no nosso projecto de resolução, que sei que é partilhada por outros sectores da sociedade portuguesa, de dar sinais e de criar os instrumentos para que seja possível conjugar os vários operadores de transportes num instrumento único de referência, que possa ser mais barato do que alguns dos passes multimodais que existem hoje e que possa ser generalizador de uma comodidade de transferência de transporte, como também não existe, particularmente na Área Metropolitana de Lisboa, onde, como lhe disse, há mais de 200 títulos de transporte, a maior parte dos quais inutilizáveis de um para outro meio de transporte.

O Sr. Presidente (Narana Coissoró): - Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e do Equipamento Social.

O Sr. Ministro de Estado e do Equipamento Social: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, em primeiro lugar, temos muito orgulho, enquanto Governo apoiado por um partido como o Partido Socialista, de ter sido um governo do Partido Socialista e uma pessoa que faz parte da minha equipa no Ministério do Equipamento Social, que é a actual Secretária de Estado da Habitação, Dr.ª Leonor Coutinho, quem esteve na base da criação do passe social em Portugal. Se existem hoje passes sociais em Portugal, isso deve-se ao Partido Socialista, a um governo do Partido Socialista e a uma pessoa que é uma distinta dirigente do Partido Socialista e membro deste Governo. Portanto, temos muito orgulho nisso!
Temos também consciência de que o modelo que existe actualmente exige discussão e algumas alterações para ter potencialidades maiores do que tem hoje. Penso que a discussão no âmbito das comissões metropolitanas de transportes vai ser importante relativamente a essa matéria porque, como é óbvio, temos consciência de que é preciso encontrar aqui soluções tarifárias diferentes daquelas que existem hoje. Por exemplo, no caminho-de-ferro, nas linhas suburbanas de Lisboa, está em discussão, no âmbito do Ministério, com os operadores, uma nova forma de encontrar outras coroas para dar mais lógica e mais organização àquilo que existe hoje.
Gostaria ainda de lhe dar conta de algo que é importante e que vai ao encontro do que disse: não é por acaso que nós, este mês, demos orientações claras à Carris e ao Metro para a criação de um bilhete único - e já está concretizado! Foi um bom passo e que também teve a ver com o Dia Europeu sem Carros, que estimulou as tecno-estruturas, os próprios responsáveis das empresas, a também, entre si, encontrarem outras soluções para melhorar a qualidade de vida das pessoas e a possibilidade de se utilizarem os meios de transporte de outra maneira. Este mês já foi criado um bilhete único entre a Carris e o Metropolitano porque, por mais espantoso que pareça, sendo duas empresas a operar na zona de Lisboa, pertencendo a 100% ao Estado e tuteladas pelo mesmo Ministério, nunca tinha havido capacidade de, entre as empresas, resolver uma situação que parece - e é - tão fácil.
Por isso, decidimos que - e vamos concretizá-lo - a Carris e o Metropolitano passarão a ter uma articulação permanente em áreas como o planeamento e investimentos, em áreas como a gestão dos locais onde é preciso dirigirem-se, para ir ao encontro das pessoas que precisam de ser transportadas. Haverá uma articulação conjunta entre as duas empresas, como faz sentido que assim seja.
Mas é preciso ir mais longe: isto tem de se articular com todos os transportes que aqui operam, sob pena de continuar a existir muita da confusão que ainda existe hoje.
Vamos, pois, por esse caminho, o da sua preocupação, Sr. Deputado. Pensamos que as comissões metropolitanas de transportes podem ter um papel fundamental na discussão séria desta questão e haveremos de chegar à resolução das questões que foram colocadas.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Narana Coissoró): - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Castro de Almeida.

O Sr. Castro de Almeida (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Ministro, para quem o conhece, o tom comedido e algo contristado com que iniciou a sua intervenção quer dizer que o Sr. Ministro tem má consciência da acção do seu Governo em matéria de transportes. Quem o conhece sabe bem que o que esteve aqui a fazer foi uma confissão de culpa da acção do PS nesta matéria, o que é, convenhamos, meio caminho andado! É meio caminho andado que o PS reconheça que não tem dado prioridade à questão dos transportes públicos!
A prova disso está nos números, e há números para tudo. Hoje circula-se menos em transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa, a CP transporta hoje menos passageiros do que transportava quando este Governo tomou posse. Ora, como o povo não é masoquista, se tivesse bons transportes públicos, usava-os! Se o povo está a abandonar os transportes públicos em favor do transporte individual, é porque o transporte público é cada vez pior, é cada vez mais ineficiente! Esta é a melhor prova da inacção do Governo nesta matéria. Isto quer dizer que o Governo, nos últimos anos, não deu passos em frente, deu passos atrás! Se o Governo tivesse feito os investimentos que disse no passado que haveria de fazer, os portugueses estariam a usar transporte público mais do que o fazem.
Se comparar os dados de 1994 com os de 1998, a CP transporta menos 10% de passageiros, mas a Carris