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18 DE NOVEMBRO DE 1999 17

Por último, estou certa de que Portugal tudo fará para O Sr. Presidente: —Para uma intervenção, tem a pa-que o novo Estado de língua portuguesa se construa de lavra o Sr. Deputado Carlos Luís. acordo com o projecto idealizado por aqueles que, a partir de agora, ficam na História como os seus pais fundadores. O Sr. Carlos Luís (PS): — Sr. Presidente, Srs. Depu-

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Evocamos hoje, tados: O Grupo Parlamentar do Partido Socialista associa-nesta Assembleia, por ocasião do oitavo aniversário do se a este voto, ao momento que faz parte da história de massacre de Santa Cruz, em Díli, a memória de todos Timor e que faz parte pela negativa. aqueles que naquele dia 12 de Novembro de 1991 perde- No dia 12 de Novembro de 1991 tinha lugar, no Cemi-ram a vida. Não podemos também esquecer, neste momen- tério de Santa Cruz, o massacre que ficou conhecido pelo to, todos os outros timorenses que durante 24 anos deram a genocídio e pela barbárie. E foi necessário correr muito sua vida por um Timor livre. sangue para que a consciência internacional agisse perante

a passividade, a indiferença e quando não a conivência das O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muito bem! potências que ajudaram a Indonésia a perpetrar os genocí- dio, a barbárie e o sofrimento de um povo indefeso que A Oradora: —O massacre de Santa Cruz ficará na lutava com a consciência de uma nação, com uns milhares

história de Timor Loro Sae indelevelmente associado ao de cidadãos que apostaram, determinantemente, que ti-princípio do fim da ocupação ilegal de Timor pela Indo- nham direito à autodeterminação e à independência. nésia. E essa consciência colectiva de um povo que fez calar a

É pena que tenha sido preciso tanto para abalar as voz às potências que colaboraram com o genocídio, com consciências internacionais e fazer ouvir o grito de um os militares e com as autoridades da Indonésia possibilitou, povo oprimido. a partir do massacre de Santa Cruz, que a causa de Timor

A mediatização dos acontecimentos, por vezes critica- tivesse visibilidade na comunidade internacional. da, assumiu nesta era da globalização e neste caso particu- E é hoje aqui, neste Hemiciclo, mais uma vez, que nos lar uma importância fundamental: o grito de que falamos associamos à vontade colectiva desse povo, do povo de não voltou a ser silenciado. Timor Leste, que durante todos estes anos lutou para que a

É caso para dizer que as imagens assumiram nesta úl- sua dignidade como povo e como nação fosse reconhecida tima década características de uma nova «arma» que, se pela comunidade internacional. E nesta mesma tribuna esgrimida com saber junto da comunidade internacional, é todos os grupos parlamentares, todos órgãos de soberania e capaz de operar verdadeiras revoluções na tradicional a sociedade civil portuguesa se têm vindo a associar a esta condução das relações internacionais. causa e nunca nos calámos perante as atrocidades da Indo-

Julgamos também que, neste final de século, a questão nésia. de Timor Loro Sae deve servir como paradigma de uma nova postura internacional dos Estados. O relativismo Vozes do PS: —Muito bem! civilizacional e cultural reinante não pode nem deve so- brepor-se a valores e a princípios absolutos e universais. O Orador: —Assim sendo, hoje recordamos o massa-

É tempo de perceber que uma vida humana vale o cre, aqui, com mágoa, mas ao mesmo tempo com a satisfa-mesmo em qualquer ponto do globo. ção de vermos um povo a caminho da sua autodetermina-

ção e da sua independência. Vozes do PSD: —Muito bem! E desta tribuna gritámos que apenas queríamos para Timor que fosse encontrada uma solução global, justa e A Oradora: —Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: internacionalmente aceite.

Queremos, nesta Câmara, expressar a nossa profunda espe- rança e o nosso desejo de que o Timor livre se reinvente Aplausos do PS, do PSD, do PCP, do CDS-PP e de Os com a mesma beleza, expressividade e paz que nos inspi- Verdes. ram as palavras e as imagens de Ruy Cinatti.

Como mãe estou certa de que encontraremos nos olhos O Sr. Presidente: —Para uma intervenção, tem a pa-das crianças que aprenderam a sofrer em silêncio por lavra o Sr. Deputado Bernardino Soares. Timor o futuro de um novo Estado capaz de construir e partilhar a mesma «comunidade de sonhos». Foi por esta O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, que muitos lutaram e pereceram. Srs. Deputados: O PCP associa-se ao voto de pesar apre-

Porque, hoje e aqui, queremos recordar e honrar a sentado em relação a um massacre de intolerável brutali-memória dos que perderam a vida em Timor Loro Sae, o dade como o que ocorreu no Cemitério de Santa Cruz a 12 Partido Social-Democrata propõe ao Plenário da Assem- de Novembro de 1991. bleia da República um voto de pesar que foi subscrito por E a verdade é que, ao assinalarmos o nosso pesar e este todos os grupos parlamentares. massacre condenamos a violência perpetrada pela Indoné-

Para que o massacre de Santa Cruz jamais se repita e sia, nesse dia e nesse lugar, mas não deixamos também de para que a História não volte para trás, lutemos sempre condenar toda a violência de que, desde 7 de Dezembro de contra a indiferença e o esquecimento. 1975, foi alvo o povo de Timor pelo opressor indonésio,

que nessa data invadiu aquele território, aquele país. Aplausos do PS, do PSD, do PCP, do CDS-PP e de Os O marco histórico que é o massacre no Cemitério de

Verdes. Santa Cruz é também uma representação de todos os mas-sacres que talvez mais silenciosamente foram sendo feitos