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18 I SÉRIE — NÚMERO 8

ao longo de todos estes anos, ao longo de todos estes dias Vozes do CDS-PP: —Muito bem! em que o povo timorense lutou pela sua independência, pelo seu direito à autodeterminação. O Orador: —Santa Cruz foi o facto que revelou à

A verdade é que independentemente de o tempo ser, opinião pública mundial que o terror existia e que um povo hoje e agora, de esperança em relação ao futuro e à cons- resistia em Timor Leste; foi um verdadeiro virar de página trução de um país novo, é preciso não esquecer o horror do do povo de Timor pela sua independência. passado, é preciso continuar a assinalá-lo, a lembrá-lo, para que, no futuro, ele nunca seja esquecido. E é nesse O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): — Muito bem! sentido que também nos associamos a este voto de pesar.

O Orador: —Santa Cruz foi possível graças à deter-Aplausos do PS, do PSD, do PCP, do CDS-PP e de Os minação da Igreja e à coragem da juventude timorense,

Verdes. que desafiou o terror, as ameaças e as tentativas de desmo- bilização para estar presente no cemitério. O Sr. Presidente: —Tem a palavra a Sr.ª Deputada Por isso o nosso voto, mais do que um voto de pesar é

Isabel Castro. um voto de homenagem às vítimas e também um voto de esperança. E um voto de esperança, Sr. Presidente e Srs. A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): — Sr. Presidente, Deputados, em primeiro lugar, de que esta Câmara mante-

Srs. Deputados: Subscrevemos este voto no exacto sentido nha sobre a questão de Timor a máxima coesão, consenso em que entendemos que é importante que a memória seja e vontade de intervir — e a Assembleia da República teve, respeitada. nesta matéria, sempre uma posição muito clara; um voto de

Porventura, o massacre de Santa Cruz não foi maior do esperança, em segundo lugar, de que a juventude timoren-que muitos outros massacres que foram silenciados, mas se continue a demonstrar a coragem e o espírito de sacrifí-foi aquele que, depois da ocupação militar pela Indonésia e cio de sempre — na paz e no momento da construção do do genocídio cometido durante anos, permitiu confrontar seu país, essa coragem e essa determinação vão ser pelo os poderes com o olhar e as imagens de um estado de ter- menos tão necessárias como o foram no período da priva-ror, de violência que estava instalado. ção das liberdades; e, finalmente, Sr. Presidente, um voto

Foi porventura esse momento que permitiu que as pa- de esperança de que a comunicação social continue a lavras e os alertas que alguns de nós tentámos lançar tives- acompanhar activamente a questão de Timor e de que, sem sequência; foi isso que permitiu que as opiniões públi- parafraseando um anterior presidente da Comissão Even-cas mundiais se envolvessem e pressionassem os seus tual de Acompanhamento da Situação em Timor Leste, o governos, governos que sabiam dos massacres, governos Professor Adriano Moreira, «este assunto não passe à que alimentaram militarmente, durante anos, a ditadura categoria dos temas dispensados e não tenhamos um dia de militar indonésia mas que se esquivavam sempre ao con- lembrar o esquecimento». fronto do olhar, à realidade.

Pensamos, por isso, que lembrar o massacre é lembrar Aplausos do CDS-PP, do PS e do PSD. as vítimas ignoradas desta brutalidade, é lembrar a impor- tância de que os crimes não fiquem impunes e a necessida- O Sr. Presidente: —Srs. Deputados, associo-me, co-de de julgar todos aqueles que são responsáveis de crimes movidamente como acontece quando se trata de Timor, às contra a Humanidade e é lembrar que Timor, que sempre vossas palavra de indignação e de esperança e, parafra-teve — e queremos que continue a ter — o consenso de seando um velho desejo do grande Mahatma Gandhi, faço todas as forças políticas — e não só — da sociedade por- votos de que Portugal possa ajudar os nossos irmãos de tuguesa, é uma causa que continua a precisar de nós e que Timor a secar as lágrimas de todos os olhos. vai, por isso, merecer — e deve merecer — também a Para uma interpelação à Mesa, tem a palavra o Sr. De-nossa atenção no futuro. putado Manuel Alegre.

Aplausos de Os Verdes, do PS, do PSD, do PCP e do O Sr. Manuel Alegre (PS): — Sr. Presidente, creio que

CDS-PP. seria justo lembrar neste momento — e associar, de qual-quer maneira, a este voto — o nome de um Deputado que O Sr. Presidente: —Para uma intervenção, tem a pa- consagrou grande parte da sua actividade à causa de Timor

lavra o Sr. Deputado Miguel Anacoreta Correia. Leste, o saudoso Deputado Nuno Abecasis. O Sr. Miguel Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Aplausos do PS, do PSD, do PCP, do CDS-PP e de Os

Presidente e Srs. Deputados: Apoiamos sem reservas este Verdes. voto, que demonstra, se ainda fosse necessário fazê-lo, que esta Câmara continua a viver e a acompanhar, passo a O Sr. Presidente: —Essa foi uma verdadeira interpe-passo, a situação em Timor Leste. lação, que faz todo o sentido. Espero que todos nós este-

Por isso, não esquecemos os momentos mais significa- jamos de comovido acordo. tivos da luta do povo timorense pela sua liberdade e não Srs. Deputados, vamos agora proceder à votação do esquecemos também aqueles que por ela mais se sacrifica- voto n.º 8/VIII — De pesar pelo massacre de Santa Cruz, ram. em Díli.