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2714 | I Série - Número 69 | 06 de Abril de 2001

 

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Essa é boa!

A Oradora: - Os atrasos em relação à construção da nova fábrica, que é irreversível, estão ligados à necessidade de estender a rede de energia eléctrica em alta, à prossecução da instalação da rede de gás natural, assim como à conclusão das vias de comunicação.
Em todo este processo temos de louvar a atitude quer dos nossos autarcas quer da comissão de trabalhadores, que têm sido incansáveis desde o início para, em articulação com o Governo, garantirem a instalação desta fábrica e sempre têm mantido uma atitude muito construtiva. Com muita pena vossa, esta fábrica é mesmo para ficar!

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Para ficar?! Ainda não está feita! É para ficar no papel!

A Oradora: - Sr.ª Deputada, fez-se Alqueva; Sr.ª ex-Secretária de Estado da Juventude, até se fez a pousada de juventude! Fez-se uma auto-estrada; temos benefícios fiscais. Não chega, pois não, Sr.ª Deputada?

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - É o paraíso no Alentejo…!

A Oradora: - Mas, pelo menos, chega para acreditar na palavra do Sr. Primeiro-Ministro.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria do Céu Ramos.

A Sr.ª Maria do Céu Ramos (PSD): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Mafalda Troncho, muito obrigada pelas questões que me colocou.
Começo por agradecer o facto de se ter lembrado do meu tempo de governante deste país, no governo do Professor Cavaco Silva. No entanto, sem prejuízo da honra que sinto por ter pertencido a esse governo, começo a ficar manifesta e irredutivelmente cansada por o Governo do PS e os Deputados do Partido Socialista virem sempre invocar esse tempo como desculpa para o que não fazem ou fazem mal.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - É que parece que a culpa de tudo o que está mal neste país ou é dos 10 anos de governo do PSD, ou dos 50 da ditadura, ou, se calhar, qualquer dia passa a ser dos 700 anos de monarquia! Gostava que deixassem de encontrar alibis e se responsabilizassem definitivamente por aquilo que vos compete fazer.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - E o que vos compete fazer, em nome dos ditos imperativos sociais, mas espero que também em nome do desenvolvimento daquela região, deprimida, carenciada e em desertificação acelerada, é, com certeza, o Alqueva, que está feito - e o PSD tem uma importante contribuição nesta matéria -, mas também esta unidade fabril.
Ora, tudo o que a Sr.ª Deputada aqui trouxe não foi esquecido nem escamoteado na declaração política que há pouco proferi. Conheço os factos, estou atenta a eles. Não venha a Sr.ª Deputada aqui dizer que tem sido insubstituível a colaboração da comissão de trabalhadores e dos autarcas daqueles concelhos, porque o que deveria ser insubstituível era que o Governo fizesse o que tem de fazer em vez de se escudar por trás de terceiros.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lino de Carvalho.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Maria do Céu Ramos, em primeiro lugar, quero saudá-la por voltar a trazer a esta Assembleia uma questão importante, para o Alentejo, para o círculo eleitoral por que ambos fomos eleitos e para aferir a diferença que vai entre as promessas de desenvolvimento do interior e, depois, as realidades concretas.
Como sabe, nós próprios visitámos a fábrica na semana passada, interpelámos nesta sede o Primeiro-Ministro acerca da matéria, requeremos a vinda à Comissão do Sr. Ministro da Economia, que virá no dia 17, sujeito a confirmação. Esperemos que, na altura, o Sr. Ministro venha dar esclarecimentos totais quanto ao cumprimento dos compromissos assumidos pelo Governo e pelo Primeiro-Ministro, exarados no caderno de encargos para a construção da fábrica.
A Sr.ª Deputada referiu, e bem, a tal declaração de rectificação entre o que foi publicado no caderno de encargos e o que, depois, foi rectificado e que significa a construção ser adiada de Março para Outubro. Esperemos que, dentro de dias, não saia uma nova declaração de rectificação transferindo a construção da fábrica para Setembro de 2002…! Nos próximos dias veremos o que vai suceder.
Estas várias iniciativas, e, em particular, a luta dos trabalhadores, já tiveram pelo menos um mérito: romper com o silêncio em que se desenvolvia este processo, silêncio, aliás, alimentado pelo Partido Socialista e pelo Governo por razões de má consciência.
A Sr.ª Deputada referiu que, neste momento, quanto à construção da nova fábrica, o que resta são promessas; não está lá uma única estaca nem um único pilar. Mas eu digo mais, Sr.ª Deputada: nem sequer lá está a primeira pedra!

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - Exactamente! Está guardada!

O Orador: - É que, no célebre dia 10 de Fevereiro de 1999, o Sr. Primeiro-Ministro juntamente com o Sr. Ministro da Economia foram lançar a primeira pedra, com pompa