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29 DE JUNHO DE 2001 43

Vozes do PS: — Muito bem! Aplausos do PS. O Orador: — Não conheço país algum do mundo em

que aqueles que defendem um Estado minimalista se reco- Sr. Primeiro-Ministro, continuem a contar com o nosso nheçam num governo que tenha uma concepção diferente! apoio crítico, que permite, às vezes – tantas vezes! – aos

Haverá hoje alguns empresários, respeitáveis certamen- Deputados do Grupo Parlamentar do PS terem as posições te, que têm posições críticas em relação à orientação do que têm e que permite, depois, ao Dr. Paulo Portas, vir Governo. É uma discordância legítima. Mas, se lermos o citá-los, descontextualizando completamente tudo. Aliás, o que foram as suas posições ao longo dos anos, verificare- Dr. Paulo Portas está a transformar-se numa espécie de mos que são homens públicos que, ao longo de todos estes cronista da vida do Grupo Parlamentar do PS, papel que anos, se singularizaram na vida política portuguesa preci- até lhe fica bem... samente por perfilharem uma determinada concepção do Estado: um Estado mínimo, um Estado concentrado nas Protestos do CDS-PP. funções de soberania, um Estado que não assume as res- ponsabilidades sociais. Não é o nosso caso! Srs. Deputados, este é, do nosso ponto de vista, o ca-

Por isso, Srs. Deputados do PSD, não vou aqui cons- minho. Haverá muitas vezes que fazer rectificações, mas o truir nenhuma teoria da conspiração, porque, tal como o que é fundamental é prosseguirmos acima das convulsões Deputado Manuel Alegre, estou convencido de que, a momentâneas, acima da volatilidade de cada dia, prosse-haver conspiração, ela é contra o líder do vosso próprio guirmos neste caminho, porque estamos certos que este é o partido. É que muitos sectores orgânicos da direita não têm caminho que conduz ao futuro de Portugal! razões para estar nem contentes nem descontentes com um governo de esquerda. O que parece é que eles não estão Aplausos do PS, de pé. muito contentes com quem, politicamente, representa e lidera a direita,… O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a pa-

lavra o Sr. Deputado Fernando Rosas. Aplausos do PS. O Sr. Fernando Rosas (BE): — Sr. Presidente, Sr. Protestos do PSD. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Srs. Depu- tados: Esta semana parlamentar é a confirmação de que ... mas esse é um problema dentro da direita… E esse é teve todo o sentido a censura que o Bloco de Esquerda fez

um problema grave e que nos preocupa, porque é sempre ao Governo. mau para o País que os representantes democraticamente eleitos pela direita não assegurem a liderança sociológica e Risos do PS. política dessa mesma direita e se vejam ultrapassados por alguns sectores inorgânicos ou mais ou menos organizados Estamos, agora, perante o reconhecido afundamento que começam a falar cada vez mais alto em nome dessa das políticas económicas e sociais, depois de seis anos de mesma direita. Esse é um problema vosso, mas também é oportunidades falhadas e de esperanças desvanecidas. um problema que, naturalmente, suscita a nossa preocupa- Estamos a discutir a crise política e estamos a discutir o ção. plano de austeridade anunciado pelo Governo.

Essas vozes conspiram contra aqueles que representam Vejamos, por isso, alguns factos. a direita! Contra nós não conspiram, acusam-nos, comba- Facto um: o País está fortemente endividado. Na lógica tem-nos, têm perspectivas diferentes. da resposta governamental, o pagamento desta dívida

O que eu quero dizer, a terminar, Sr.as e Srs. Deputa- implicará uma recessão no consumo, isto é, o poder de dos, é que nós continuaremos empenhados. Haverá sonda- compra das pessoas, sobretudo das de menores rendimen-gens mais favoráveis e sondagens menos favoráveis, have- tos, vai baixar, as empresas vão investir menos e o desem-rá momentos mais bonançosos e momentos com maiores prego tenderá a agravar-se. dificuldades, haverá horas mais felizes e horas em que nós Facto dois: estamos à beira de uma recessão interna-próprios entenderemos que há alguma ingratidão. Mas o cional. Neste contexto – quantas vezes a história das crises que é essencial é prosseguir, com este rumo, com este económicas o demonstrou?! –, a política recessionista do projecto, com esta ideia. Se for necessário um governo Governo não combate a recessão: é como gasolina no fogo imolar-se em nome de uma causa, de um conjunto de valo- – agrava a crise, restringindo a procura e acentuando a res, de um projecto, não deve ter hesitação alguma em espiral depressiva da actividade económica. fazê-lo, porque verdadeiramente é isto que distingue quem Facto três: os salários têm sido degradados. Desde governa por convicções, quem governa em nome de um Maio que os trabalhadores e os pensionistas estão a perder projecto, quem governa em nome de uma ideia para Portu- poder de compra face a uma previsão enganadora da infla-gal… ção. O Governo responde a esta situação anunciando um

novo corte no poder de compra dos trabalhadores da fun-Vozes do PS: — Muito bem! ção pública para os próximos anos, mas recua na reforma fiscal e permite que alguns sectores, como a banca, conti-O Orador: — … e quem aqui só faz oposição a pensar nuem a fugir aos seus impostos, a despeito dos lucros

em ir para o poder pelo poder e não apresenta ao País uma crescentes, quase escandalosos, e escandalosamente sub-única ideia de como seria a sua governação. tributados.