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3759 | I Série - Número 068 | 26 de Março de 2004

 

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Sr. Primeiro-Ministro, olhe a guerra das civilizações!

O Orador: - Nesse alfobre de interpretação radical e militante do Corão, são recrutados terroristas com a imposição da obrigação de expulsão dos infiéis (que somos nós) e com promessas para os suicidas de paraíso e virgens depois da morte.
Como facilmente se infere, já estou a falar da Al-Qaeda, que não é uma organização terrorista caracterizada por reivindicações de natureza territorial e de autodeterminação. A Al-Qaeda é, antes, uma organização terrorista transnacional, que recorreu a suicidas, que precisou de vários anos para concretizar o ataque às Twin Towers, mas aperfeiçoou-se depois rapidamente, uma vez que em Espanha terá preparado o atentando de 11 de Março em poucos meses, com recurso a militantes não suicidas, oriundos de países islâmicos menos radicais, como é o caso de Marrocos.
Sr. Primeiro-Ministro, temo que estejamos de novo na história perante duas visões contraditórias e inconciliáveis de natureza ideológica e religiosa. Quero crer que não seja assim. Desejo, do fundo do coração, que não seja assim.

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - O Governo português tomou já, e irá tomar mais, medidas para combater o fenómeno do terrorismo e os riscos que traz à nossa segurança. Já foi V. Ex.ª questionado sobre as medidas no pano internacional.

O Sr. Presidente: - O tempo de que dispunha esgotou-se, Sr. Deputado. Agradeço que conclua.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Já devia ter esgotado há mais tempo!

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.
Gostaria de saber, Sr. Primeiro-Ministro, se já foram ou virão a ser tomadas no terreno, pelo Governo, medidas no plano interno, conforme determina o Conceito Estratégico de Defesa Nacional, em termos de articulação entre Forças Armadas e forças de segurança, coordenação de serviços de informação e centralização de comandos.
Tenho a certeza de que tudo está a ser feito pelo Governo para conseguir a nossa segurança.
Sr. Primeiro-Ministro, o mundo continua perigoso, e o ocidente tem de estar vigilante!

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Com a nova cruzada contra os infiéis!

O Orador: - Esta é, sem dúvida, a lição mais importante do terrorismo, lição que se impõe aprender, se queremos a sobrevivência da nossa civilização.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Henrique Chaves, meu caro amigo, já há pouco disse, e quero reafirmá-lo, que devemos fazer todo o possível para evitar que se realize a profecia terrível do choque de civilizações.
Temos o maior respeito (eu, pelo menos, tenho) pela comunidade islâmica e tenho mesmo tido o cuidado de enviar sinais de conforto à comunidade islâmica portuguesa.
É verdade que o terrorismo global que hoje existe procura apoiar-se numa deturpação do Islão e tem uma ideia messiânica de converter àqueles princípios e à leitura fundamentalista de um certo Islão todo o mundo islâmico, e daí converter todo o mundo a essa visão. É isso que está escrito, é isso que eles dizem, é isso que eles afirmam sem qualquer pudor.
Por isso, há quem pense que, ou há uma vitória, dentro do Islão, das forças moderadas contra o fundamentalismo, ou então poderá vir a dar-se a tal guerra global entre o Islão dominado pelo fundamentalismo e o resto do mundo, razão pela qual temos de distinguir claramente os dois planos. É o que temos feito e é o que vamos continuar a fazer, resistindo à deriva securitária e a qualquer ideia xenófoba.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Colocar a questão sobre o que se passa no Iraque é importante, porque o terrorismo fundamentalista