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4465 | I Série - Número 082 | 30 de Abril de 2004

 

estranha e ao mesmo tempo previsível. Estranha porque o PS antes de combater "lançou a toalha para o tapete" e desistiu de combater.

O Sr. Eduardo Ferro Rodrigues (PS): - Essa é boa!

O Orador: - Previsível porque a intervenção que ouvimos do Sr. Deputado Luís Carito, em nome do PS, foi marcada pelo oportunismo.
Ora, é sobre o oportunismo político que cabe começar esta intervenção. O oportunismo político, mais tarde ou mais cedo, paga-se. E hoje é dia de pagamento para o PS…
A razão de ser deste debate de urgência surgiu há alguns meses atrás. Estava a liderança do Dr. Ferro Rodrigues em perigo, e afirmando-se o Dr. Jorge Coelho preparado para liderar o PS, abriu-se a corrida à sua substituição à frente dos destinos do maior partido da oposição. Reagindo ainda algo tarde, o Dr. Ferro Rodrigues e os seus conselheiros acharam que era preciso pôr o PS a fazer mais oposição.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - De imediato, marcou umas jornadas de reflexão, anunciando com pompa e circunstância que no final das mesmas iria apresentar a sua alternativa à política de reformas estruturais na saúde do actual Governo.
Assim, ficámos todos, neste Parlamento, à espera da famosa alternativa!

Risos do PS, do PCP e do BE.

Passaram os meses e os prazos, e nada… Por fim, lá surgiram, timidamente, três projectos de diplomas algo pífios, marginais e envergonhados, que foram agendados para debate neste Parlamento na próxima quinzena.
Está, pois, feita a demonstração de que o PS é incapaz de formular uma política alternativa à do Governo para a área da saúde. Com isso, incumpre a principal tarefa que o deveria distinguir como partido líder da oposição. Não admira, pois, que nos debates sobre a saúde já havidos nesta Câmara o PS "tenha ido a reboque" muitas vezes do "fixismo jurássico" do PCP…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - O Sr. Deputado é que é uma espécie evolutiva desse fixismo!

Risos do PCP, do PS e do BE.

O Orador: - … ou da agressividade trotskista e malcriada do Bloco de Esquerda.
Esta incapacidade do PS em formular uma alternativa à política de saúde do actual Governo deve-se provavelmente a duas razões: a primeira, é a cacofonia que reina entre os numerosos e sucessivos porta-vozes do PS para a área da saúde. São vozes muito tributárias do passado e da gritante incapacidade que o PS demonstrou na governação da saúde. Daí, a cacofonia.
É que nenhum Governo da União Europeia se mostrou até agora capaz de igualar a proeza da última governação socialista na área da saúde. Em seis anos, três ministros, com políticas tão opostas que mais pareciam de partidos diferentes e que saíram tão zangados uns com os outros que mais pareciam inimigos figadais do que colegas de governo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A segunda razão desta incapacidade do PS de produzir uma alternativa - sejamos justos - respeita, em primeiro lugar, à extraordinária qualidade da visão que inspira a política do actual Governo; em segundo lugar, ao ritmo invulgar com que ela tem vindo a ser levada à prática; em terceiro lugar, aos sucessivos resultados positivos com que ela tem vindo a surpreender a oposição.
É por isso que o oportunismo político do PS teria de pagar mais tarde ou mais cedo. E hoje é dia de pagamento duplo.
Para os portugueses em geral fica claro que o PS não tem política alternativa a fornecer e que este debate de urgência só o é porque o PS receia que a acumulação de boas notícias que as reformas da saúde têm vindo a dar aos portugueses se torne de tal forma generalizada e significativa que esta seja mesmo a sua derradeira oportunidade de conseguirem ainda algum impacto com a chicana e a demagogia com que a pretende apoucar.