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5711 | I Série - Número 106 | 28 de Julho de 2004

 

O Sr. Honório Novo (PCP): - Isso não tem a ver connosco!

O Orador: - Eu sei! Mas diz respeito à democracia portuguesa!
Posso garantir que o Primeiro-Ministro deste Governo, o Ministro de Estado e da Defesa e, principalmente, o Sr. Presidente da República não souberam dessa mudança pelos jornais. Participámos na decisão e o Sr. Presidente da República soube em primeiro lugar, ao contrário do que se passava noutros tempos!…

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.

O Sr. Francisco Louçã (BE): - Dr. Santana Lopes, o Parlamento ouviu o discurso mais insípido de inauguração de um Primeiro-Ministro de todos os tempos da democracia.
Mas não é por acaso: o Dr. Santana Lopes apresenta-se a este Parlamento fragilizado como nunca se apresentou um Primeiro-Ministro. Por duas razões: primeira, o Governo resulta de uma debandada. Dizia o Dr. José Manuel Barroso, há dois anos, no discurso de tomada de posse, aqui, na Assembleia: "Apercebendo-se da encruzilhada e do pântano em que havia mergulhado o País, o Primeiro-Ministro decidiu, a meio da legislatura, 'abandonar o barco' e fugir às suas responsabilidades". Mal ele sabia que antecipava a sua própria fuga!…

Vozes do PSD: - Não é verdade!

O Orador: - Depois de uma queda de 14% no investimento, depois do maior aumento do desemprego da União Europeia, depois de uma queda do Produto, depois de um atraso, depois de uma divergência, o Primeiro-Ministro fugiu e, por isso, este Governo está aqui tão fraco!

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Muito bem!

O Orador: - Mas, Dr. Santana Lopes, aparece também fragilizado por uma outra razão que é só sua. Da primeira vez que foi "Primeiro-Ministro", há muito tempo atrás, foi escolhido por uma única pessoa: um produtor de programas de televisão. Da segunda vez, agora, está um pouco menos mal: foi escolhido por uma pessoa, o Presidente da República, mais 103 pessoas, que são os barões e chefes do PSD!

Protestos do PSD.

O que faltou foi a democracia portuguesa!

Protestos do PSD.

E agora vão juntar-se alguns dos Deputados que berram tanto dali, daquela bancada!

Protestos do PSD.

Mas eu percebo por que é que só quer ser escolhido por estas pessoas e tem medo do voto dos portugueses! É que, Dr. Santana Lopes, foi talvez por isso que nos veio aqui dizer - o que é extraordinário, é mesmo extraordinário - que o voto popular que penalizou a coligação da direita nestas eleições perturbou o trabalho patriótico do Governo. Frase extraordinária!

O Sr. José Magalhães (PS): - Exacto!

O Orador: - Porque o senhor e os outros dirigentes do PSD e do PP arrastaram o Governo para uma derrota histórica, com dois terços dos portugueses contra estas políticas, e por isso têm medo de eleições. Como é que não haviam de ter medo de eleições?! E, por isso, preferem, naturalmente, ser escolhidos pelos directórios partidários! Mas cada vez que aqui falar, Sr. Dr. Santana Lopes, lembrar-se-á que vem aqui por medo de eleições.

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Muito bem!