0031 | I Série - Número 005 | 28 de Setembro de 2006
Primeiro-Ministro faltou à verdade, que era precisa e que os portugueses mereciam.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, comecemos com as boas e as más notícias.
Vejo sempre como uma má notícia o facto de uma fábrica encerrar em Portugal. Mas, verdadeiramente, Sr. Deputado, se quer que lhe responda ao que disse, más notícias para o Bloco de Esquerda foram as notícias sobre o desemprego nestes últimos seis meses.
Protestos do BE.
Compreendo que estas tenham sido péssimas notícias para quem programou uma marcha contra o desemprego, tentando obter uma renda política do aumento do desemprego.
O Sr. Luís Fazenda (BE): - Mal, muito mal!
O Orador: - Houve um falhanço!
O Sr. Fernando Rosas (BE): - Fica-lhe muito mal dizer isso!
O Orador: - É que não houve aumento do desemprego, houve declínio do desemprego.
Protestos do BE.
Aliás, Sr. Deputado, nesta matéria, quer o Sr. Deputado quer a direita erraram na previsão do aumento do desemprego. De resto, não foi apenas o Sr. Deputado, honra lhe seja feita, porque até o Banco de Portugal previa um aumento do desemprego para 2006.
O Sr. Luís Fazenda (BE): - Já nem o Constâncio acerta!
O Orador: - A verdade é que a economia portuguesa, os agentes económicos portugueses portaram-se muito melhor do que alguns pensavam e o certo é que nestes seis meses, Sr. Deputado, reduzimos sete décimas à taxa do desemprego.
Diz o Sr. Deputado, sempre a correr: "Ah, trata-se do efeito sazonal!". Mas, Sr. Deputado, fui ver, e a verdade é que, nesta série, em ano nenhum houve redução de sete décimas no primeiro semestre. Repito, nunca houve! Esta foi a maior redução desde que há série do INE. E o Sr. Deputado, que olha para essas publicações, deveria ter a honestidade de reconhecer que o resultado é surpreendente, tal como é surpreendente que neste último ano a economia portuguesa tenha gerado 48 000 novos empregos.
Esta foi, portanto, uma grande notícia para Portugal, e lamento que o Sr. Deputado não a tenha sublinhado como uma boa notícia para Portugal. Por que é que não a sublinhou?
Reconheço, Sr. Deputado, que fico sempre desolado com as más notícias. Não gosto de ouvir em momento algum que há uma fábrica que encerra em Portugal, porque compreendo o drama das pessoas e o prejuízo para a economia portuguesa. Mas tal só me dá ânimo para que a economia portuguesa melhore.
No entanto, devo dizer-lhe que fico espantadíssimo como é que o Sr. Deputado não tem a superioridade de reconhecer neste debate aquilo que foi alcançado pela economia portuguesa nestes seis meses.
Certamente, nunca assistiu a um ano como este. O Sr. Deputado acompanha os números da economia, é professor de economia e sabe que nunca houve um ano como este, em que o Banco de Portugal fez uma revisão sobre o crescimento económico e até anunciou a possibilidade de fazer outra previsão, em alta, para o crescimento económico.
A verdade é que andámos bem nestes seis meses, e andámos bem em três domínios fundamentais.
Em primeiro lugar, no crescimento económico, que é um crescimento virtuoso, Sr. Deputado, porque não é um crescimento assente no consumo. Não! É um crescimento assente nas exportações, um crescimento que ainda tem dificuldades, como a que referiu do investimento. Mas a verdade é que o nosso sector exportador, os portugueses e as empresas portuguesas, reagiu bem ao impacto da globalização, lutando para contrariar as visões mais pessimistas.
Fica-lhe muito mal, Sr. Deputado, não reconhecer também as boas notícias. A sua responsabilidade é igual à minha, porque ambos temos a obrigação de falar aos portugueses e de sublinhar, também, os bons resultados, os êxitos dos portugueses.
É por isso que me parece que o seu discurso, que pretende acentuar a parte negativa, é um discurso que em nada contribui para resolver os problemas económicos ou para resolver os problemas do emprego.