I SÉRIE — NÚMERO 23
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O Orador: — As propostas maximalistas que a esquerda apresenta têm uma atitude, há que dizê-lo com clareza, de preconceito para com uma actividade a que variadas vezes chamam «especulativa e parasitária».
Ouvi-o eu, muitas vezes!
Vozes do PS: — Muito bem!
Protestos do PCP.
O Orador: — Não, estamos a falar de um sector que é importante para a economia, um sector que tem de ser robusto, que tem de merecer a confiança dos portugueses…
Protestos do PCP.
… mas que tem de ser um sector que terá de contribuir para um esforço fiscal, como todos os outros contribuintes. É isto que nos motiva.
Vozes do PS : — Muito bem!
O Orador: — Quanto à questão da competitividade fiscal, com certeza, Srs. Deputados, que é importante que o País seja fiscalmente competitivo. Estamos de acordo quanto a isso.
Porém, Srs. Deputados, já várias vezes disse nesta Assembleia que não podemos ser insensatos na política fiscal, tendo em vista o reforço da nossa competitividade.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Para os deficientes é que é a insensatez!
O Orador: — Temos uma preocupação, que é a de corrigir um sério desequilíbrio orçamental; temos de o fazer de forma prudente e temos de ter consciência que não há margem de manobra para quaisquer descidas significativas de impostos. E o que constato, face às propostas apresentadas pelos variados partidos, em particular pelo PSD e também pelo PP, é que o discurso é um na discussão na generalidade e é outro na discussão na especialidade.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Ah!
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — É verdade!
O Orador: — Há aqui claramente, se me permitem, Srs. Deputados, sintomas daquilo a que eu chamaria alguma esquizofrenia orçamental.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Já está a fazer a rábula da direita!
O Orador: — É que no debate na generalidade são todos pelo corte na despesa, pelo corte nominal, pela redução do défice, são, de facto, grandes paladinos da correcção do nosso desequilíbrio orçamental. Porém, no debate na especialidade, apresentam propostas que aumentam a despesa e querem reduzir a receita.
Srs. Deputados, assim não nos entendemos!
Vozes do PS: — Muito bem!
Protestos dos Deputados do PSD Miguel Frasquilho e do CDS-PP Diogo Feio.
O Orador: — Esse discurso não é um discurso coerente. É bom que tenham maior coerência porque a quadratura do círculo que pretendem é algo de muito difícil.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, como não há pedidos de palavra em relação aos artigos 49.º, 50.º e 51.º, vamos passar ao artigo 52.º.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Diogo Feio.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O debate ainda vai durar longo tempo, portanto, vamos ter oportunidade para ouvir o Sr. Ministro de Estado e das Finanças concretizar a acusação de esquizofrenia que fez em relação ao CDS e às suas propostas de natureza orçamental.