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I SÉRIE — NÚMERO 34

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custou o emprego a 120 pessoas; esses trabalhadores, que já tinham os salários em atraso, estão agora sem trabalho e correm o risco de não receber os salários dos últimos meses. Poucos dias depois, ocorreu a deslocalização de mais uma multinacional a operar em Portugal, a Yazaki Saltano, que deixa mais 533 trabalhadores no desemprego, aumentando, ainda mais, as dificuldades numa das zonas do País mais castigadas pelo desemprego.
Recordamos que a Yazaki foi contemplada ao longo dos anos com apoios públicos e comunitários.

Vozes do BE: — Bem lembrado!

A Oradora: — O grupo recebeu 1,47 milhões de euros através de vários programas de investimento público,…

Vozes do BE: — Bem lembrado!

A Oradora: — … sendo que os terrenos onde funcionava lhe foram cedidos, pelo Estado, a um preço meramente simbólico.
A situação torna-se mais preocupante quando a própria multinacional, em comunicado, vem desmentir a Agência Portuguesa para o Investimento (API) quanto à viabilização de futuros projectos de investimento. A Yazaki afirma que «em relação à possibilidade de produção de novos produtos (painéis solares, sistemas de ar condicionado e contadores de gás), a Yazaki decidiu não avançar porque os estudos realizados internamente demonstram inviabilidade económica». Desta forma, desaparecem, naturalmente, as esperanças dos trabalhadores.
Neste cenário, entre as muitas questões por responder, há uma que sobressai: que resultados tiveram as negociações que o Ministro da Economia efectuou com a empresa, logo a seguir às eleições legislativas?

Vozes do BE: — Muito bem!

A Oradora: — E que salvaguardas foram assumidas para garantir os postos de trabalho de centenas de famílias, bem como o dinheiro, que o Estado já tinha entregue à empresa, como contrapartida para a manutenção no nosso país?

Vozes do BE: — Muito bem!

A Oradora: — A resposta não é conhecida. O certo é que o ano começou, mas há hábitos que teimam em manter-se: as empresas recebem subsídios e benefícios fiscais do Estado, fecham, deslocalizam a sua produção, e os portugueses continuam sem saber do Ministro da Economia. Que pretende fazer o Ministro da Economia aos compromissos de manutenção dos postos de trabalho que a Yazaki assumiu com o Estado português, como contrapartida para os apoios públicos que recebeu? Será o Estado compensado por todo o dinheiro gasto para que esta empresa honrasse os seus compromissos? Já é a segunda vez, em poucos meses, que uma empresa que recebeu apoios milionários do Estado, em troca da garantia de criação e manutenção de empregos e da produção no nosso país, se prepara para uma deslocalização, que quebra acordos livremente assumidos. Assim aconteceu com a Opel, na Azambuja, assim acontece, agora, com a Yazaki Saltano.
Quantas vezes mais teremos de assistir à violação de compromissos assumidos com o Estado português por parte de empresas que, primeiro, beneficiam de toda a espécie de apoios ao investimento, benefícios fiscais, cedência de terrenos e, depois, partem sem cumprir as obrigações com que se tinham comprometido, destruindo as expectativas que geraram entre trabalhadores e populações?

A Sr.ª Alda Macedo (BE): — Muito bem!

A Oradora: — Com a saída desta empresa, são 60 as multinacionais que deixaram o nosso país nos últimos cinco anos.
Com a vulgarização destas situações, arriscamo-nos a que o nosso país seja visto, cada vez mais, não como um destino credível para projectos de investimento estáveis, duradouros e estruturantes mas, sim, como uma presa fácil para esquemas de captação de subsídios, que não acrescentam competências, desarticulam comunidades e sabotam qualquer estratégia de desenvolvimento económico.

A Sr.ª Alda Macedo (BE): — Muito bem!

A Oradora: — Com o investimento em queda desde 2002 e com um crescimento nulo previsto para este ano, é caso para perguntarmos: onde pára o Sr. Ministro da Economia?