I SÉRIE — NÚMERO 34
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ço por agradecer as questões que colocaram.
Relativamente a esta questão da Yazaki Saltano, o Bloco de Esquerda já questionou por diversas vezes quer o Sr. Ministro do Trabalho quer o Sr. Ministro da Economia e as respostas também não têm sido satisfatórias.
Sr. Deputado Ricardo Freitas, estava a ouvi-lo e lembrei-me de um poema do saudoso Ary dos Santos: o governo governa, a oposição opõe-se.
O Governo não pode estar satisfeito só com preocupações. Não pode! O Governo é responsável por tudo o que se passa no País! É responsável por conhecer, por não conhecer! É que, se não conhecer, continua a ser responsável, porque deveria conhecer!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Foi chamado à atenção para isso!
A Oradora: — O Governo tem sido chamado à atenção para este escândalo, de uma empresa que comprou terrenos ao preço simbólico que se conhece! E, como eu disse na intervenção, já se contam 60 empresas que se deslocalizam e que deixam para trás um rasto de miséria, de desemprego, de desesperança e de depressão, nomeadamente em zonas, que o Sr. Deputado bem conhece, como são as destas empresas! Recordo-lhe uma notícia, que passou ontem na televisão, sobre duas empresas de construção civil de Vila Nova de Gaia, que também referi, onde se vê o drama destas famílias. Dizia a mulher de um dos operários: «Foi a primeira vez que vi o meu homem chorar. Ele pensou em suicidar-se.» O Sr. Deputado vem dizer que as oposições, mais do que a preocupação com as pessoas, têm a preocupação com o desaparecimento do Ministro da Economia?! Naturalmente que estamos preocupados, porque depende do Governo, e particularmente do Sr. Ministro da Economia, a resolução destas situações!
A Sr.ª Alda Macedo (BE): — Claro!
A Oradora: — Pergunta o Sr. Deputado onde é que param as oposições? Sr. Deputado, param questionando, param, preocupando-se, param apresentando também propostas! Onde pára o Sr. Ministro é que nós não sabemos e, curiosamente, como eu disse da tribuna, é um mistério, o Sr. Ministro da Economia é um «ministro-sombra». E alguns Deputados do PS também são a «sombra» do «ministro-sombra»!…
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Macedo.
O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Governo não faz o que deve e faz o que não deve.
Não faz o que deve, porque é público e notório que o Governo não tem uma estratégia para fazer Portugal convergir economicamente com a Europa.
Mas faz o que não deve. Tudo serve ao Governo para controlar o poder, para abusar do poder que tem, para tentar asfixiar as vozes diferentes e críticas do Governo, colocando em causa o equilíbrio e o pluralismo indispensáveis na sociedade portuguesa.
É hoje manifesto que o grande objectivo nacional de fazer Portugal convergir com a Europa está comprometido, pelo menos até 2009. Tal foi confirmado ontem mesmo pelo Banco de Portugal.
Falemos claro. O que o Banco de Portugal disse, na prática, foi o seguinte: Portugal vai estar, pelo menos até 2009, a crescer sempre menos do que a Europa, a ter um crescimento medíocre. Foi assim em 2005, foi assim em 2006, é assim em 2007, será ainda assim em 2008. Quatro anos seguidos de recuperação económica na Europa; quatro anos seguidos de divergência de Portugal em relação à Europa; quatro anos seguidos — pelo menos 2005, 2006, 2007 e 2008 — em que o nível médio de vida de cada português fica mais longe do nível médio de vida dos europeus; quatro anos seguidos em que Portugal, na comparação com os seus parceiros europeus, fica mais pobre, mais atrasado e menos competitivo.
Esta é, infelizmente, a verdade, uma verdade que tem causas e consequências.
As causas estão, em grande medida, nas medidas fiscais deste Governo: mais impostos, sempre mais impostos, asfixiam a economia e dão cabo da vida das empresas.
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!
O Orador: — As consequências estão à vista de todos: não há investimento; as pessoas vivem hoje pior do que viviam; os salários baixam; as pensões não sobem; o desemprego continua um flagelo grave; e é cada vez maior o número de jovens que tira um curso superior e não tem uma oportunidade de emprego.
Vozes do PSD: — É verdade!