I SÉRIE — NÚMERO 40
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O Orador: — Quer-me a mim?! Ó Sr. Deputado, quando quiser!… Tenho o maior gosto nisso! Como sabe, aliás, já discutimos aqui matéria de emprego, em que o Governo e o País podem apresentar bons resultados. É verdade, no último ano, pelos últimos dados conhecidos, entre Setembro de 2005 e Setembro de 2006, a economia portuguesa criou 57 000 postos de trabalho. É um resultado absolutamente admirável, que ninguém previa.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Só que o desemprego subiu!
O Orador: — Engano, engano, Sr. Deputado! Pela primeira vez, a taxa do 3.º trimestre, comparada homologamente, desceu três décimas.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Do 4.º para o 3.º trimestre subiu!
O Orador: — Sr. Deputado, isso são os números!…
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, peço-lhe que conclua.
O Orador: — Mas também há uma outra coisa que o Sr. Deputado sabe e que por demagogia não refere: há uma sazonalidade que é preciso retirar a isso.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — No Outono?!
O Orador: — Sim, sazonalidade. O desemprego sobe sempre no 3.º trimestre! Isso não se vê?! O Sr. Deputado sabe tão bem quanto eu que o indicador de desemprego tem uma sazonalidade acentuada…
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Isso é no Verão!
O Orador: — … e, por isso, a única comparação legítima é a homóloga. Ó Sr. Deputado, não me peça para lhe explicar isto! O problema é que o Sr. Deputado sabe isto muito bem mas, como não lhe convém, não o refere! Mas cá estaremos para ver os dados do 4.º trimestre e verificar se em 2006…
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Já os temos!
O Orador: — Não temos, não, Sr. Deputado. Isso é medido pelo INE!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Pelo INE, exactamente!
O Orador: — Estou a referir-me ao 4.ª trimestre, Sr. Deputado, de 2006…
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Temos!
O Orador: —Têm? Se ainda não foram divulgados, como é que têm? O Sr. Deputado tem cada uma! Desculpe, mas sabe mais do que aparenta.
Não tem nada a ver com o INE. Tem, provavelmente, a ver com o Instituto do Emprego e Formação Profissional. Os dados ainda não saíram, Sr. Deputado! Como calcula, tenho muito mais ânsia no seu conhecimento do que o senhor. Como sabe, o inquérito é preparado e divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística. Mas cá estaremos, em breve, para discutir emprego e para discutir economia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular a sua pergunta, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, escolheu o tema das alterações climáticas, mas consegue fazer uma intervenção de abertura e, até, responder a um conjunto de perguntas que já lhe foram colocadas sem relembrar, uma única vez, os objectivos a que nos comprometemos no âmbito do Protocolo de Quioto.
O Sr. Primeiro-Ministro sabe que, no quadriénio 2008-2012, temos objectivos concretos para cumprir, designadamente o não aumento das nossas emissões de gases com efeitos de estufa, com base nos valores de referência de 1990, em mais de 27%. E o Sr. Primeiro-Ministro tem de dar hoje contas ao País do nível a que estamos no âmbito do cumprimento desses objectivos.
Diz este Governo que, quando iniciou funções, em 2005, tínhamos um nível de emissões, com base nos