24 | I Série - Número: 054 | 1 de Março de 2007
Protestos do PCP.
E isso é positivo! A subida média do desemprego, no ano de 2006, foi a menor dos últimos cinco anos. O Sr. Deputado deveria também reconhecer que, pela primeira vez, em 2006 a economia portuguesa criou emprego, criou 37 000 novos postos de trabalho líquidos, entre os que se perderam e os que se ganharam. E isso é positivo! Não reconhecer isso tira também credibilidade! O Sr. Deputado pergunta-me se estou satisfeito com isso. Não, não! Não estou nada satisfeito! Mas, Sr. Deputado, não nos desviaremos do nosso caminho. Como é que se combate o desemprego? Combate-se, em primeiro lugar, tudo fazendo para que o crescimento da economia crie emprego, como já criou em 2006, em segundo lugar, apoiando, socialmente, os desempregados e, em terceiro, definindo um programa para aumentar as qualificações, porque só assim defenderemos o acesso ao emprego, só assim defenderemos melhores salários e só assim combateremos o desemprego.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para replicar, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, antes de mais, agradeço o esforço que fez em responder.
Em relação à questão da militarização das forças de segurança, há que lembrar, em primeiro lugar, que há países que não a têm, mas, mesmo tendo em conta essa realidade, a nossa preocupação fundamental é a acentuação dessa militarização que perpassa pela sua proposta e pelo seu discurso.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente! E pela realidade!
O Orador: — Esta é uma nota preocupante! Depois, em relação à maleabilidade com que encara esses tais estudos técnicos, que, muitas vezes, rígidos, burocráticos, não correspondem às necessidades e a uma visão política mais avançada, Sr. PrimeiroMinistro, fiquei embevecido a ouvi-lo e, por isso, dou-lhe um conselho e faço-lhe uma proposta: diga isso ao Sr. Ministro da Saúde, em relação às urgências,…
Vozes do PCP: — Exactamente!
O Orador: — … para que pare com o encerramento das urgências e não olhe apenas para aquele trabalho técnico mas decida politicamente e tendo em conta os interesses e as aspirações das populações.
Aplausos do PCP.
Depois, em relação ao desemprego, o Sr. Primeiro-Ministro pode fazer a ginástica que quiser, e ainda por cima é bem ginasticado,…
Risos.
… que o problema de fundo é que o desemprego está a aumentar. Como alguém disse, bem pode o Sr.
Primeiro-Ministro «torturar» a estatística, até ela dizer o que o senhor quer que diga, que a verdade é que o desemprego, em Portugal, está a aumentar.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Essa é que é a verdade!
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Claro!
O Orador: — Por último, e como falou de responsabilidades, Sr. Primeiro-Ministro, dê também um conselho ao Sr. Ministro das Finanças, que afirmou claramente que o desemprego, à semelhança de qualquer outro indicador, é resultado da actividade das empresas, das questões orçamentais e, depois, de uma coisa espantosa, isto é, do facto de as famílias se retraírem no consumo. É preciso ter lata, Sr. Primeiro-Ministro! Então, usam o «garrote» nos salários, aumentam os preços, aumentam o custo de vida e vêm culpar as famílias, em relação à questão do desemprego em Portugal, porque não consomem?!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É um escândalo!