41 | I Série - Número: 054 | 1 de Março de 2007
O que sei é que as unidades básicas, agora definidas, têm uma exigência: elas respondem, de facto, a situações de emergência. Se houver alguma emergência, estão lá dois médicos e dois enfermeiros e há um sistema de Raios X, ou seja, podem fazer alguma coisa.
O que sei é que uma população que tem uma urgência onde está um médico e um administrativo, só tem um médico que a única coisa que pode fazer é dar consultas à noite. E não é isso que queremos.
Protestos do Deputado do BE João Semedo.
Ó Sr. Deputado, ouça! É que, nesta matéria, também é preciso ouvirmos os outros! E, repare, o problema não é apenas esse, mas também o de desvio de recursos. Esse médico que está de serviço à noite podia, e devia, durante o dia, dar mais consultas, porque a única coisa que ele faz é dar consultas.
O que é que isto tem a ver com os cuidados primários de saúde? Tem a ver com o facto de essas urgências, essas falsas urgências, retirarem recursos médicos dos cuidados primários de saúde, desviando-os para aí, com prejuízo para toda a população. Esse médico que está de serviço durante a noite, podia dar 20 ou 30 consultas durante o dia. E faz o quê? Faz duas, três ou quatro consultas à noite. Isso é um erro! Mas ainda não ouvi o Sr. Deputado dizer que isso era um erro, que devia ser corrigido. Por que é que não o faz?
Protestos do BE.
Sabe por que é que não o faz? Porque, mais uma vez, tal como o Sr. Deputado Marques Mendes, o Sr. Deputado gosta de «estar ao lado das populações»…
Vozes do BE: — Claro! É isso! O seu mal é estar contra!
O Orador: — Eu sei, eu sei!… Ainda bem que confessa! É tão fácil, Sr. Deputado…
Aplausos do PS.
É tão fácil estar ao lado, Sr. Deputado… Mas com um pouco mais de coragem, porque, às vezes, é preciso dizer que estas reformas são muito importantes.
Depois, quanto ao desemprego, Sr. Deputado, mais uma vez, peço-lhe que não faça os arredondamentos, que tanto critica, e bem.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Orador: — É que, agora, mais uma vez, fez um arredondamento e não devia ter feito, pois não foi em quatro décimas, mas em quatro centésimas que o desemprego aumentou — 0,04%, Sr. Deputado! Foi o menor crescimento nos últimos cinco anos! Sr. Deputado, não transforme uma discussão económica e de desemprego numa discussão zoológica, sobre dromedários ou qualquer outro bicho!…
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Mas lá que é um animal, é!
O Orador: — Agora, uma coisa garanto-lhe: é preciso dar uma resposta ao desemprego. E a nossa resposta está estabelecida: crescimento económico, protecção social dos desempregados e investimento na formação. É aqui que encontramos essa resposta e é a esta área que queremos dedicar uma especial prioridade. Não tenho tempo, agora, para referir os resultados que já obtivemos com o Programa Novas Oportunidades, mas terei o maior gosto — e não perderá pela demora — em discutir consigo essa matéria do desemprego e das respostas que o Estado pode e deve dar ao problema do desemprego e, principalmente, aquilo que é fundamental, que é dar esperança às pessoas de que a economia vai melhorar e vai criar mais empregos para todos e, portanto, vai dar mais oportunidades aos portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Pode ser da próxima vez!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Madeira Lopes.
O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, numa das respostas que deu anteriormente, ouvi-o dizer que é timbre da actuação deste Governo o diálogo. Então, gostaria de referir somente três situações. Na educação, em Outubro do ano passado, o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, durante a negociação do estatuto da carreira docente, instou os sindicatos a pararem com a contestação e as formas de luta legalmente consagradas sob a cominação de cessarem as