56 | I Série - Número: 063 | 23 de Março de 2007
soas».
Na verdade, por um lado, temos um Ministro que apregoa o seu preconceito contra os SAP, afirmando com gáudio que nunca vai, nem irá, a um SAP e, por isso, quer fechá-los!… Por outro, o mesmo Ministro resolve o problema retirando esses serviços às populações, sem lhes dar alternativas e tentando fazer-lhes crer que a retirada de serviços médicos melhora o seu acesso aos cuidados de saúde…! No entanto, o INEM confirma que envia doentes urgentes para os SAP. Como pode, então, o Ministro afirmar que não são unidades de urgência? Quanto à criação de novos serviços, a verdade é que o processo de criação das unidades de saúde familiar está muito atrasado e dele tem resultado a desnatação de inúmeros centros de saúde, principalmente nas zonas mais desfavorecidas do Interior do País.
Outro exemplo é o das novas ambulâncias, agora denominadas de «suporte intermédio de vida»…! Trata-se de um conceito novo, de que nenhum especialista ouviu falar, em que a grande inovação parece ser a de atribuir a outros funções que, até agora, são estritamente desempenhadas por médicos.
Para além da contundente crítica da Ordem dos Médicos, também a Comissão Técnica de Reestruturação das Urgências — Comissão que foi criada pelo próprio Ministro da Saúde… — discorda da criação destas ambulâncias híbridas.
A Sr.ª Regina Bastos (PSD): — Muito bem! Bem lembrado!
A Oradora: — E não surpreende que assim seja. Na verdade, essas ambulâncias, dando aos doentes uma falsa sensação de segurança, não terão o pessoal especializado que lhes assegurem um transporte seguro e qualificado. A isto chama-se, Sr.as e Srs. Deputados, «vender gato por lebre» — é caso para dizer que a reforma vai passar pelo interior, mas o interior não vai passar pela reforma!!
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Oradora: — Isto porque a actual política de saúde é socialmente injusta, tecnicamente insensata, moralmente absurda e geograficamente desequilibrada.
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, falemos claro: em primeiro lugar, a reestruturação dos serviços de urgência só deveria avançar no terreno depois de ter sido previamente reforçada a Rede de Emergência Hospitalar.
Em segundo lugar, a reestruturação dos serviços de urgência só deveria avançar no terreno depois de estar bem implantada a reforma dos cuidados de saúde primários.
Em terceiro lugar, a reestruturação dos serviços de urgência só deveria avançar no terreno depois da reorganização do sistema de transporte de doentes, através da dotação e distribuição equitativa de meios, da clarificação e simplificação de competências e da definição da coordenação e controlo.
Em quarto lugar, a reestruturação dos serviços de urgência só deveria avançar no terreno depois de estar a funcionar o Call Center da saúde, sistema de atendimento que já devia estar operacional há mais de um ano.
Trata-se de uma reforma que deve ser executada em simultâneo. É por tudo isto que o Ministro da Saúde não pode fechar dezenas de SAP por todo o País, principalmente nas zonas mais desfavorecidas do interior, sem criar previamente alternativas aos utentes.
Risos do PS.
O Ministro não pode fechar 11 dos 14 serviços de atendimento existentes no distrito da Guarda sem que os utentes tenham alternativas.
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — É uma insensatez!
A Oradora: — O Ministro não pode fechar 9 dos 14 serviços de atendimento existentes no distrito de Beja sem que os utentes tenham alternativas, assim como o Ministro não pode fechar 8 dos 12 serviços de atendimento existentes no distrito de Bragança sem que os utentes tenham alternativas. E, também, não pode fechar 5 das 9 urgências hospitalares existentes no distrito de Aveiro, sem que os utentes tenham alternativas. O mesmo se pode dizer em relação aos distritos de Leiria, Braga e a tantos outros.
Risos do PS.
Finalmente, Srs. Deputados, o Ministro não pode reduzir as cerca de 400 portas de entrada no SNS para