35 | I Série - Número: 092 | 8 de Junho de 2007
real das prestações sociais.
Se não me falha a memória, no Orçamento do Estado para 2007, o orçamentado com as prestações sociais cresce na ordem de 7%, enquanto o crescimento na despesa com a máquina da Administração Pública diminui em termos reais e, praticamente, estabiliza em termos nominais, se a memória também não me falha neste aspecto.
Portanto, o Sr. Deputado vê bem as coisas, mas digamos que vê num espelho invertido.
O que explica o aumento nominal da despesa pública no Orçamento do Estado para 2007 é exclusivamente o aumento — e esse real, como deve ser — com as prestações sociais, com a despesa do Estado na protecção social.
O Sr. Afonso Candal (PS): — Muito bem!
O Orador: — Quanto às duas perguntas que me colocou, gostaria de dizer-lhe que, no dia 27, realizarse-á aqui um debate sobre o programa da Presidência Portuguesa da União Europeia, no qual ficará a saber qual é a política do Governo português nessa matéria.
De qualquer maneira, o que dizemos é que o Banco Central Europeu é essencial, designadamente no controlo das pressões inflacionistas na zona euro. Mas esse é um lado, pois, do outro lado, está o investimento da União nas políticas de coesão e nas políticas relativas aos fundos estruturais. E aí, como sabe, mercê do trabalho conduzido pelo anterior governo e acabado por este, Portugal é beneficiário líquido de 21 500 milhões de euros, no período de 2007-2013. Não queiramos a União para uma coisa e não para a outra.
Quanto à questão das taxas Multibanco, não há qualquer consequência de mudanças no sistema europeu de pagamentos. E o que posso garantir-lhe, Sr. Deputado, é que o Governo aqui estará para seguir a sua política, que é central para este Governo, de defesa dos consumidores perante quaisquer práticas abusivas que se verifiquem do ponto de vista do relacionamento das instituições bancárias, em geral com esses consumidores.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Vamos ver é se não as consideram abusivas!
O Orador: — Sr. Deputado Mota Soares, devo dizer-lhe que estou embaraçado — aliás, certamente estarei corado — perante tanto desvelo demonstrado pelos Srs. Deputados. Até se deram ao trabalho de ler os artigos que, in illo tempore, eu escrevia num jornal diário!… Mas não vale a pena!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Mal agradecido!
O Orador: — O Sr. Deputado Mota Soares e os seus colegas gostam muito de citações, mas talvez valha a pena usar as citações que contam, os argumentos. Há dias, li com todo o interesse a primeira entrevista do, agora, Vice-Presidente do CDS-PP, que, a propósito da direita, diz o seguinte: «Eu acho que a direita, muitas vezes, tem pecado por três circunstâncias com as quais eu não me posso identificar. A direita não tem tido uma preocupação solidária, muitas vezes tem uma atitude anti-social; tem sido muitas vezes avessa à modernidade; e muitas vezes não é tolerante.» E continua: «Acho objectivamente que este governo no primeiro ano e meio fez coisas que o governo de Durão Barroso não fez, e com as quais eu concordo.» E dá alguns exemplos: «Acabar com privilégios em termos de alguns subsistemas,…» — votaram contra! — «o corte no PIDDAC,…» — não é a vossa opinião! — «a lei de finanças locais,…» — não votaram a favor! — «a lei de finanças regionais,…» — não votaram a favor! — «o Simplex,…» — estão sempre a querer dizer graças sobre o Simplex — «a alteração do código das sociedades comerciais, a desburocratização, as empresas na hora, a questão das farmácias(…)».
Ó Srs. Deputados, quem tem de fazer um debate político urgente é o CDS-PP, não é o Governo! O Governo tem uma linha clara, o CDS-PP é que «anda ao ziguezagues».
Aplausos do PS.
Esta interpelação, aliás, mostra, mais uma vez, que o CDS é um partido — e permitam-me a metáfora regional — sem norte. E o norte faz falta a muita gente, a todos.
Quanto à manipulação dos números, os Srs. Deputados têm insistido, desde a intervenção inicial do Sr. Deputado Paulo Portas, em que alegadamente, com este Governo, ao contrário do que se passou com o anterior, há uma menor atenção às pensões, as quais têm perdido poder de compra.
O Sr. Pedro Mota Soares (PSD): — As pensões mínimas!
O Orador: — Srs. Deputados, discutamos política! O CDS impôs, no anterior governo, o chamado «programa de convergência das pensões mínimas com o salário mínimo», independentemente de quaisquer condições de recursos. Aconteceu que convergência não houve nenhuma, mas, segundo esse programa,