44 | I Série - Número: 092 | 8 de Junho de 2007
O Orador: — Será, Sr. Ministro Augusto Santos Silva, que os mais de 450 000 portugueses no desemprego vão encontrar o Sr. Deputado Augusto Santos Silva em Marte?!
Aplausos do CDS-PP.
Segunda pergunta: o que dizer do mesmo Deputado que, no dia 15 de Maio de 2002, afirmava, neste Parlamento, que a orientação do Governo era cortar a torto e a direito, considerando que, e passo a citar, «(…) isto não é governar, é raciocinar como burocratas, é atacar a dignidade da Administração Pública, é desmotivar, e até…» — veja-se! — «… intimidar, os dirigentes e os seus trabalhadores.»?! Será que este Deputado não percebeu que temos de reduzir os gastos supérfluos da nossa Administração e que há mais Administração para além da Direcção Regional de Educação do Norte?!
Aplausos do CDS-PP.
E qual teria sido o Deputado que, em entrevista, afirmava peremptoriamente a necessidade de qualificar mais os portugueses e sublinhava o seguinte: «o PS revogará a Lei de Bases da Educação», que ainda hoje se mantém em vigor?! É o Ministro dos Assuntos Parlamentares, bem esquecido dos problemas da educação e do défice de formação que se vive em Portugal!… Já agora, menciono as críticas que um articulista de um jornal de referência fazia, dizendo que o anterior governo se tentava salvar, e passo a citar, «pela crucificação do Eng.º Guterres, erigido em responsável único pelos males do País, todos supostamente decorrentes de um défice orçamental cujo valor fora devidamente empolado». Será que, com as devidas adaptações, este argumento que este articulista considerava não está hoje repetidamente afirmado para esconder uma economia que não descola e se afasta da União Europeia?! Já agora também, tenho de concordar com o mesmo escriba, que afirmava a 15 de Janeiro de 2005 que há, e passo a citar porque esta é importante, «a boa despesa, a que fazemos a combater a pobreza e a melhorar os níveis de protecção, e há a má despesa, a que resulta de haver desemprego.». Bem escrito, dirão hoje os portugueses que sofrem na pele o desemprego!…
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Orador: — E o que dirão também os portugueses sobre um dirigente do Partido Socialista que dizia, em Novembro de 2004, o seguinte: «O PS anuncia, no seu Congresso, que se opõe a um Orçamento que signifique um ataque fiscal à classe média.»?! Sr. Ministro Silva Pereira, o que dizer a este dirigente do Partido Socialista?! É o mesmo dirigente do Partido Socialista que, nesta Câmara, afirmava: «A resposta do Governo à insatisfação das pessoas deveria resumir-se a uma forma simples: cumprir as promessas e governar melhor.» — tem razão! — «Mas o Governo escolheu outro caminho:…» — também tem razão! — «… em vez de se concentrar na resolução dos problemas do País, o Governo preferiu apostar tudo na propaganda e na tentativa de condicionamento da comunicação social.» É verdade tudo aquilo que foi dito. É pena que se tenham esquecido de uma coisa: do programa eleitoral do Partido Socialista. O que fizeram às promessas de mais «qualificação», «promoção do emprego», «transformação modernizadora da legislação laboral» — que ainda não foi alterada! —, «acabar progressivamente com a pobreza associada ao trabalho» — pobreza essa que aumenta! — e uma política fiscal mais simples? Como não encontrei estas promessas pelo Largo do Caldas, devem estar, de certeza, num qualquer «caixote do lixo» do Largo do Rato!… É triste ver como a palavra nos desmente no futuro. Pena é que, hoje, quem sofre com isto são os portugueses, que foram enganados e que precisam de esperar por novos ventos em que se aposte na formação, na qualificação, na inovação, no mérito, na exigência, na produtividade perdida e na educação.
Mas nós temos uma certeza: esses tempos, em breve, virão!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro da Presidência.
O Sr. Ministro da Presidência (Pedro Silva Pereira): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A máscara desta interpelação foi caindo até cair completamente à vista de todos no debate que aqui travámos.
Vozes do CDS-PP: — Oh!
O Orador: — Ficou claro que o que esteve na origem desta interpelação do CDS-PP não foram os pro-