15 | I Série - Número: 007 | 4 de Outubro de 2007
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queria sublinhar que sendo, reconhecidamente, o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares um bom tribuno parlamentar, esta sua responsabilidade de falar pelos que aqui querem vir e também pelos que não querem dar a cara vai levá-lo a perder alguma da sua capacidade e do seu brilho, porque há coisas que são indefensáveis. E o que aconteceu hoje, na sua intervenção, foi que V. Ex.ª tentou defender o indefensável.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exactamente!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Chamo a atenção, mais uma vez, que o Ministro da Economia não vem ao Plenário da Assembleia da República há cerca de um ano…
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Brevemente estará desempregado!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — … e que foi exactamente neste ano que se verificou um conjunto de fenómenos, na área da economia, onde a palavra do Ministro da Economia é relevante. Não sei por quanto mais tempo é que VV. Ex.as conseguirão esconder o Ministro da Economia, mas algo me diz que ele é o desempregado mais certo do vosso Governo.
Aplausos do CDS-PP.
Por outro lado, Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares e Srs. Deputados, quero dizer que não me parece adequada a visão que o Sr. Ministro deu, e a que chamo, provavelmente, estabilidade dinâmica do desemprego, porque é a única interpretação que posso fazer da frase que aqui deixou: «o desemprego está alto e em tendência de estabilização».
Ó Sr. Ministro, o desemprego está alto — ponto! O desemprego está a subir — ponto! O desemprego é muito maior do que aquele que os senhores anunciaram — ponto! Os senhores têm um desemprego muito maior do que aquele que receberam quando venceram as eleições — ponto! E, Sr. Ministro e Srs. Deputados, o facto de o desemprego estar a subir ao nível dos jovens, das mulheres, daqueles que estão há mais tempo à procura de um posto de trabalho não devia autorizar um partido, como o partido maioritário, apesar de tudo, a utilizar a displicência ou o carácter tecnocrático na visão e observação do problema, que hoje, aqui, demonstrou.
Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, relembro-lhe, aliás, uma coisa de que certamente se lembrará: sabe como é que o Primeiro-Ministro, José Sócrates, então líder da oposição, qualificou um valor de desemprego de 7,2%, mais de 1% abaixo daquele que temos hoje? Sabe qual foi a palavra que ele usou? «Tragédia», Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Se um valor de desemprego de 7% é uma tragédia, o que é o vosso desemprego de 8,3%?! É isso que têm de dizer às famílias que estão a sofrer o problema do desemprego!
Aplausos do CDS-PP.
Depois, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, curiosamente, reparei que não houve uma palavra sua sobre segurança nem sobre o facto de o País estar a assistir, sobretudo neste segundo semestre, a sinais ameaçadores, perigosos, preocupantes, de uma violência mais grupal, mais sofisticada, mais ameaçadora, de que temos exemplos todos os dias, seja no comércio, seja na banca, seja na estrada, seja nas gasolineiras, seja na rua. E chamei a atenção para uma coisa muito simples: combate-se mais crime e crime sofisticado com melhor polícia, não se combate, certamente, com menos polícia.
O Sr. Primeiro-Ministro afirmou aqui, em Fevereiro de 2007: «Vou, até ao final do ano, colocar mais 4800 polícias deslocados das tarefas administrativas para trabalho operacional». Onde estão os polícias que foram retirados do trabalho administrativo para o trabalho operacional, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares?!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — O Sr. Primeiro-Ministro disse aqui: «Não vai haver concursos de admissão para a GNR e para a PSP em 2008 e em 2009». Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, como é que o senhor consegue uma polícia mais jovem, mais treinada, mais operacional, fechando e bloqueando as admissões durante dois anos seguidos, quando os índices de criminalidade violenta são cada vez mais preocupantes?! É a mesma polícia, mais velha, que vai responder a mais crime, mais violento?! É isso que tenho de lhe perguntar, Sr. Ministro!
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Muito bem!