19 | I Série - Número: 009 | 12 de Outubro de 2007
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Grande argumento!
O Sr. Ricardo Rodrigues (PS): — A claustrofobia do condicionamento político, do condicionamento eleitoral, do condicionamento e da intimidação — com alguns dos vossos colegas a chamarem-se uns aos outros «o gang do Multibanco» ou qualquer coisa do género —, tudo isso são problemas que existem no seio do PSD, não no País.
Aplausos do PS.
A pergunta concreta que lhe faço, Sr. Deputado, a si, um homem do direito, é a seguinte: num Estado de direito, que o Sr. Deputado tanto defende, devemos fazer um julgamento popular ou devemos, antes, averiguar e decidir em consequência?
Aplausos do PS.
V. Ex.ª vem aqui propugnar um julgamento popular: imediatamente, decida-se, puna-se, sem se ouvir ninguém, sem se saber o que se passa! Meu caro Sr. Deputado, isso não é próprio de um Estado de direito e nós não vamos por aí! Mas essa averiguação também não vai levar semanas ou meses. A 1.ª Comissão já decidiu que o Sr.
Ministro da Administração Interna virá cá, na próxima terça-feira, para explicar o que ocorreu, altura em que terão oportunidade de ouvi-lo.
Agora, a minha questão, Sr. Deputado, é esta: o senhor é pelos julgamentos populares ou está do lado do Estado de direito?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Rangel.
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Rodrigues, mal vai o PS e mal vai o Sr. Deputado quando, perante um facto destes, em vez de o denunciarem aqui,…
O Sr. Ricardo Rodrigues (PS): — Quais são os factos?
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — … em vez de fazerem, como fez o Vice-Presidente Manuel Alegre, a defesa da liberdade sindical, querem desviar as atenções e falar da vida interna dos outros partidos.!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — A sua declaração, devo dizer-lho, é hesitante, é tíbia e é pífia, quando estão em causa direitos, liberdades e garantias.
Aplausos do PSD.
E digo-lhe outra coisa: o PS não pode invocar o seu passado, porque esse nós respeitamos. Respeitamos o passado do PS antes do 25 de Abril e o de muitos que, na altura, ainda não eram militantes — porque ele só foi criado em 1973 — mas que já lutavam contra o regime salazarista.
Respeitamos o papel do PS em 1974/1976. Respeitamos o papel do PS ao longo destes anos, mas, desde 2005, desde que fez o «restyling José Sócrates», o PS não pode dar cartas em matéria de liberdade.
Aplausos do PSD.
Vozes do PS: — Oh!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Vou dizer mais: se há muita gente que julga que o PS rejuvenesceu com José Sócrates, em matéria de liberdades envelheceu e reformou-se definitivamente!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Outra coisa que me preocupa muito, e que fica aqui para a posteridade, é a lei da segurança interna, é a concentração das funções de inteligência, de segurança e de investigação criminal, que, estando prevista neste momento com determinados contornos, a partir da altura em que detectamos que o Governo tem este tipo de comportamentos nos traz muito mais receios do que aqueles que tínhamos.