63 | I Série - Número: 023 | 10 de Dezembro de 2007
O Sr. André Almeida (PSD): — Este Josç, que, digamos, vive com 600€ mensais, conseguia um apoio de cerca de 249€/mês durante cinco anos, ao abrigo do antigo incentivo.
Com o novo modelo, o Josç recebe 170€/mês no primeiro ano, ou seja menos 79€/mês. No segundo ano, o Josç receberá 119€/mês, menos 130€/mês. No terceiro ano, o Josç receberá 85€/mês, menos 164€/mês. No quarto ano, Sr. Secretário de Estado, José recebe 0€. No quinto ano, 0€ recebe o Josç! Sr. Presidente, Srs. Deputados, enquanto o anterior incentivo ajudaria este jovem durante cinco anos, com um total de cerca de 15 000€, o Porta 65 ajuda-o com uma verba de aproximadamente 4500. € — menos 10 500€.
Sr. Secretário de Estado, como é que fundamenta este corte brutal no apoio?
O Sr. Ricardo Martins (PSD): — E ainda lhe chamam «avanço»!
O Sr. André Almeida (PSD): — Os efeitos deste programa são mais que previsíveis: empurrar os jovens para as periferias; diminuir os direitos no que toca à habitação; promover economias paralelas com recibos passados abaixo do valor real; promover a precariedade e a dependência dos jovens.
Sr. Secretário de Estado, afinal, o que ganham os jovens com este novo programa?
Vozes do PSD: — Nada!
O Sr. André Almeida (PSD): — A situação de José responde à questão: claramente, nada! Sr. Secretário de Estado, este José, infelizmente, é a imagem perfeita de como os senhores tratam as questões da juventude: não tratam, extinguem!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades: — Sr. Presidente, o Sr. Deputado Miguel Tiago, que está sempre muito nervoso, há pouco, entre outras coisas, classificou esta nossa intervenção como «assistencialista», o que é uma coisa curiosa.
Em relação à pergunta do Sr. Deputado André Almeida, por um lado, quero salientar de novo o que já referi há pouco: este não ç um instrumento de acção social,»
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Bem pelo contrário!
O Sr. Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades: — » não ç com ele que garantimos outros objectivos políticos, »
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não é com este nem com nenhum!
O Sr. Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades: — » que são fundamentais e deverão ser garantidos através de instrumentos complementares. Do nosso ponto de vista, isso é fundamental.
Como sabem, no próprio programa Porta 65, há mais instrumentos, quatro no conjunto, e o efeito conjugado desses vários instrumentos é que poderá dar uma resposta mais adequada à questão de fundo, que não se refere apenas ao segmento dos jovens, mas também, por um lado, à questão do mercado de arrendamento, sobretudo o de vocação social, e, por outro lado, à questão mais estrutural do acesso a habitação condigna para todos.
Este é um instrumento focalizado, como devem ser todos, tem um objectivo. É esse objectivo que perseguimos.
O Sr. Deputado fala em teorias minhas e fala em eventuais consequências, isto é, teorias suas. Ora, teoria contra teoria, creio que só há uma solução: dados objectivos! A solução é análises, é monitorização, é avaliação.
Por isso, gostava de salientar dois aspectos.