17 | I Série - Número: 026 | 14 de Dezembro de 2007
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Mas, ontem, o Sr. Ministro faltou à verdade quando afirmou que só teve conhecimento da «derrapagem» no dia 24 de Setembro. É porque, no dia 30 de Julho, a Direcção-Geral dos Recursos Florestais informou o Gabinete do Sr. Ministro de toda a situação: primeiro, que os cálculos das árvores a abater tinham sido feitos com base no último Inventário Florestal Nacional de 1995 e que, por não haver actualização, se subestimou o número de exemplares; segundo, que deveria ter havido o abate cerca de 400 000 árvores pelos proprietários, o que não aconteceu e teve de ser feito pelas empresas a quem foi adjudicado o trabalho; terceiro, que os contratos haviam sido visados pelo Tribunal de Contas e que, para se fazer os aditamentos aos contratos, era necessário «acto» do Sr. Ministro; quarto, por causa do acréscimo de trabalho a sua conclusão não se poderia operar até 31 de Março; quinto, os abates tinham de ser realizados para que a faixa de contenção fosse eficaz no combate ao nemátodo.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Se isto são meros «rumores», o que será que o Sr. Ministro entende por «informações»?
Aplausos do PSD.
Esta postura do Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas é inaceitável.
A atitude do Ministro que se assume como responsável político pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais, que deveria ser o principal responsável pela condução da política desta Direcção-Geral e do próprio PROLUNP, que recebe uma informação destas e não toma o assunto, imediatamente, em mãos só pode ser classificada de total incompetência e de absoluta irresponsabilidade política.
Aplausos do PSD.
Essa irresponsabilidade vai ao ponto de informar uma comissão parlamentar de que só teve conhecimento do que se passava em 24 de Setembro.
Perante esta situação, o que o Sr. Ministro deveria ter feito não era exonerar o Sr. Director-Geral de Recursos Florestais, era, sim, ele próprio demitir-se! Um Ministro que, durante a seca de 2005, se recusou a dar apoio aos agricultores, dando como sinal negativo o corte do apoio ao gasóleo verde, com a justificação da utilização fraudulenta desse gasóleo, mas que nunca conseguiu, até hoje, demonstrar essa fraude; um Ministro que tem dificultado e impossibilitado o acesso de novos agricultores à actividade; um Ministro que cancelou o pagamento das ajudas agroambientais; um Ministro que, perante a época de incêndios de 2005, apenas teve como forma de apoio ao combate e aos proprietários referir que iria «multar» as autarquias locais; um Ministro que rompe os contratos que o Ministério mantinha, há mais de 10 anos, com as associações de agricultores; um Ministro que diz que vai reduzir o número dos seus funcionários e que, depois, faz crescer a despesa de prestação de serviços em mais de 50%; um Ministro que vem, sucessivamente, a mandar encerrar serviços de proximidade e de apoio aos agricultores (as zonas agrárias) — um Ministro destes não é um Ministro que possa servir a agricultura e os agricultores portugueses!!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Tamanha irresponsabilidade, incompetência e insensibilidade só pode ser prejudicial à agricultura!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Qualquer orientação, comunicação, despacho ou decisão vinda do Sr.
Ministro Jaime Silva deveria ser sempre acompanhada de uma frase obrigatória: «Cuidado, porque pode causar dano aos agricultores».
Aplausos do CDS-PP.
Depois de tanta decisão negativa, com esta justificação agora dada para exonerar o Sr. Director-Geral dos Recursos Florestais, alegando que não conhecia, quando conhecia e devia conhecer, a situação, só podemos concluir que a motivação do Sr. Ministro para esta demissão foi outra. Terá sido o facto de o Sr. Director-Geral