21 | I Série - Número: 026 | 14 de Dezembro de 2007
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Poço.
O Sr. Carlos Poço (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Abel Baptista, felicito-o pelo tema que trouxe hoje a esta Câmara, que é de extrema importância, porque estão em causa os bens públicos, está em causa o dinheiro de todos os nossos impostos.
Ouvimos há pouco o Sr. Deputado Jorge Almeida referir que, em 1999, foi feito um levantamento da questão do nemátodo do pinheiro, ou seja, no tempo do tal governo que, depois — e é bom que não nos esqueçamos disto —, caiu no «pântano».
Em 2006, foi, então, feito um exaustivo levantamento da situação e, em 2007, foi realizado o concurso, com base numa estimativa de 215 250 árvores. Verificamos, hoje, que se discute se são não 215 000 árvores mas 5 milhões de árvores. Que raio de levantamento — e peço desculpa pela expressão — foi, então, feito, em 2006, por este Governo e que responsabilidade tem o Governo neste concurso? Sabemos que este concurso obrigava a uma monitorização de todo o trabalho feito pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais ou pela GNR, acompanhando-o exaustivamente, pelo que não compreendemos como se chega a este momento sem se saber se vamos pagar 3,5 milhões de euros ou 70 milhões de euros.
Ainda ontem, na Comissão, o Sr. Ministro nos disse que, provavelmente ou quase certamente, serão 23 milhões de euros, mas estamos a falar num desvio de 3,5 milhões de euros para 23 milhões de euros.
Pergunta-se: como é que podemos confiar no rigor deste Governo? Por outro lado, não vou reclamar aqui a demissão do Ministro nem do Director-Geral dos Recursos Florestais, porque não é essa a nossa política, mas já vi ministros pedirem a sua demissão por muito menos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Abel Baptista.
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Poço, o Sr. Deputado colocou muito bem a questão: como é que o Ministro não sabe, efectivamente, quanto deve pagar? Como é que ficamos? Sr. Deputado, o Ministro demitiu o Director-Geral porque alega que ele não o informou; nós, ontem, demonstrámos que ele o informou a tempo e horas e o Ministro nada fez. Pergunto: quem é que se deve demitir? Quem é que deve ser demitido?
Aplausos do CDS-PP.
Então, se o Ministro alega que não sabia, mas nós demonstramos que sabia, o que tem a fazer é demitirse, não há outra solução.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Acresce aquilo que o CDS tem vindo a defender, desde há muito tempo: o Estado tem de ser e também tem demonstrar que é pessoa de bem.
Nós defendemos o interesse público, Sr. Deputado Jorge Almeida, mas o interesse público também se deve defender por si próprio. Está demonstrado que foram, efectivamente, realizados trabalhos a mais por uma causa que era urgente e necessária, concretamente por causa da contenção de uma doença fitossanitária; era necessário realizar os abates e eles foram realizados por uma empresa privada. O Estado quer ficar com um enriquecimento sem causa? Não! O Estado terá de pagar o que é justo, e que ainda não pagou, mas terá de verificar por que é que isto aconteceu, quais foram as condições em que aconteceu. Há políticos responsáveis, mas o político responsável, sobre esta matéria, parece nada saber ou não quer saber e limita-se apenas a mentir, dizendo que não é informado quando, efectivamente, está mais do que demonstrado que existe informação para o seu gabinete,…
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Meses antes!