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39 | I Série - Número: 026 | 14 de Dezembro de 2007


Como sabe, a Lei de Enquadramento Orçamental prevê que este Parlamento tenha 10 dias úteis para debater o Programa de Estabilidade e Crescimento e este Parlamento teve apenas 3 dias úteis para o fazer.
Portanto, neste quadro, impõem-se duas perguntas.
Primeira: o Governo assume ou não o compromisso de, em 2008, entregar nesta Casa a revisão do PEC, de forma a dispormos de todo o tempo legal necessário para o seu debate? Segunda questão: porque continuam o Governo e o Grupo Parlamentar do Partido Socialista a não querer votar o Programa de Estabilidade e Crescimento? Porque continuam o Governo e o PS empenhados em não apresentar nesta sede um projecto de resolução que clarifique a posição de todos os partidos sobre este Programa? Passo à substância do PEC. Sr. Ministro, todos sabemos que eram optimistas as previsões do Governo contidas no Orçamento do Estado, mas, sem entrar em certezas como o Deputado Patinha Antão,…

O Sr. Patinha Antão (PSD): — Ó Sr. Deputado, são as previsões da Comissão Europeia!

O Sr. Honório Novo (PCP): — … confesso-lhe que, em nossa opinião, as previsões para o período 20072010 colocadas no Programa de Estabilidade e Crescimento são, no mínimo, pouco sensatas, para não dizer irrealistas.
As previsões de investimento global, apesar das taxas de juro e da Euribor, as previsões das exportações, apesar do euro forte e da crise nas economias para as quais exportamos, a utopia da previsão da inflação, as previsões de crescimento económico, tudo é um «mar de rosas». É um «mar de rosas» em tudo, excepto nos cortes.
Quanto a cortes, os salários sofrem um corte correspondente a 2,6 pontos percentuais do PIB, mais ou menos 4000 milhões de euros, e as prestações sociais também serão objecto de cortes a partir de 2008.
Depois, é a estagnação no investimento público, apesar do QREN, é o reconhecimento do disparar do desemprego — e, aqui, as previsões ficam aquém das previsões externas —, é o anúncio de que, no curto prazo, o Governo vai colocar 2500 funcionários em situação de mobilidade especial.
Já agora, Sr. Ministro, importa-se de dizer qual é a estimativa do Governo para o número de trabalhadores que vai colocar em situação de mobilidade especial ao longo de todo o ano 2008 e de todo o ano 2009? Quais são as previsões do Governo nesta matéria?

O Sr. Bruno Dias (PCP): — É importante esclarecer isso!

O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr. Ministro, vou colocar-lhe uma última questão.
Pela primeira vez, o Governo reconhece que a economia do País não vai crescer 3%, nem sequer em 2009. O Governo — e não sei se as pessoas se aperceberam — deixa cair, pois, mais uma das suas promessas eleitorais.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Honório Novo (PCP): — Primeiro, foi o cartaz sobre os 150 000 novos postos de trabalho, agora, é o cartaz de Portugal a crescer 3% que, tal como o anterior, também vai para o «caixote do lixo».
Assim, Sr. Ministro, vou fazer um comentário e, simultaneamente, uma pergunta.
O Sr. Ministro tem a noção exacta de que, com este Programa de Estabilidade e Crescimento, o seu Governo vai deitar por terra a última das promessas que fizeram aos portugueses na campanha eleitoral de 2005? Tem essa noção exacta?

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Ministro das Finanças, terminou a sua intervenção referindo que é preciso «Fazer mais e melhor, só gastando, com peso, conta e medida, o que de facto podemos gastar». O Sr. Ministro não disse «Fazer mais e melhor, só gastando, com peso, conta e medida, o que de facto precisamos de gastar».