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19 | I Série - Número: 034 | 12 de Janeiro de 2008

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — … e, principalmente, como é capaz de, agora, continuar convencido de que tem razão e de que mantém um mínimo de credibilidade. Porque não tem, Sr. Ministro!

Aplausos do CDS-PP.

Sr. Ministro, não se pode dizer, um dia, que um aeroporto na margem sul seria uma espécie de Brasília no norte do Alentejo e, no outro, assumir a construção em Alcochete como a coisa mais natural; não se pode dizer, um dia, que a margem sul é um deserto e, no outro dia, que a construção de um aeroporto já se justifica, eventualmente porque terá acontecido uma vaga recente de beduínos que povoou a região e que, por isso, já faz sentido o aeroporto naquele local.
Devo dizer-lhe, Sr. Ministro, que V. Ex.ª já quase lembra aquela personagem que Eça de Queirós tão bem caricaturou, Z. Zagalo, no seu zelo pelo Conde d’Abranhos, sendo que aqui o Conde d’Abranhos seria o Primeiro-Ministro.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Percebemos!…

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Só que o problema é que tudo isto não é uma comédia, é mesmo muito sério! E sabe porquê, Sr. Ministro? Porque só revela a forma como no Ministério de V. Ex.ª se decide a aplicação, em cima do joelho, por intuição, de milhares de milhões de euros, relevando tudo e mais alguma coisa menos a única coisa que deveria interessar: o interesse público e as boas práticas de gestão.
Isto para quem está à frente do Ministério, que decide tanto e de tanto dinheiro, num País que, ao que parece, na boca do Primeiro-Ministro, e bem, tem tantas dificuldades orçamentais, não faz nenhum sentido.

Aplausos do CDS-PP.

Sr. Ministro das Obras Públicas, sirva-lhe isto ao menos para lhe reforçar a fé. V. Ex.ª não acreditava em milagres e dizia que o Governo só mudaria de opinião se algum milagre acontecesse. Olhe, afinal, aconteceu, em directo televisivo e com consigo ao lado, e disso foi prova viva, Sr. Ministro das Obras Públicas.

Aplausos do CDS-PP.

Para terminar, Sr. Ministro, quero dizer-lhe que, no seu lugar, eu não teria qualquer receio de uma eventual remodelação. Sabe porquê? Porque, depois do que ontem sucedeu, depois do papel tão confrangedor a que o Primeiro-Ministro o sujeitou, desautorizando-o, obrigando-o a dar, mais uma vez, o dito pelo não dito, no seu lugar, nunca me restaria uma outra alternativa que não fosse levantar-me, ir-me embora e dizer «eu para isto não sirvo, Sr. Primeiro-Ministro!»

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Tem de terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Termino já, Sr. Presidente.
E não se vai daqui embora sem eu lhe oferecer uma coisa, Sr. Ministro: um livro já editado há muito tempo e onde tudo isto já se sabia — O Erro da Ota.

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Que lhe sirva de alguma coisa, ainda que tarde, porque «mais vale tarde do que nunca», Sr. Ministro das Obras Públicas.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueiro.

O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, gostaria de dizer, em primeiro lugar, que Portugal vai ter, finalmente, o seu aeroporto e que o processo de construção do mesmo vai ser concretizado tendo no seu início e no fim sempre a mão do PS, que colocou neste projecto todo o seu empenhamento.

Aplausos do PS.

Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.

Em segundo lugar, gostaria de lembrar que todos os grandes projectos para o País, fundamentais para o desenvolvimento económico e social e que são, desse ponto de vista, estruturantes, quer nos portos, quer nas