21 | I Série - Número: 036 | 18 de Janeiro de 2008
Gostaria de dizer-lhe que a questão que tem de se colocar é mesmo essa. Passaram, praticamente, três anos de governação socialista, três anos particularmente duros e exigentes para a vida dos portugueses, a quem foi exigido um conjunto de sacrifícios muito significativo,…
O Sr. Mota Andrade (PS): — E com resultados!
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — … e a pergunta que se coloca é precisamente a seguinte: quais são os resultados? Será que aumentou o poder de compra dos portugueses? A resposta é «não». Será que vivemos num País mais seguro? A resposta é «não»! Será que o País está mais equilibrado entre o litoral e o interior, entre as grandes cidades e as pequenas vilas e aldeias deste País? A resposta é «não»! É um País socialmente mais justo? É menor o fosso existente entre os mais ricos e os mais pobres? A resposta é «não»! Vive-se melhor em Portugal? Não, não se vive melhor em Portugal hoje do que se vivia há três anos atrás, vive-se pior! Por isso, temos de nos revoltar com um conjunto de ilusões vendidas aos portugueses por este PrimeiroMinistro.
Com a devida vénia, arrisco-me a citar o Sr. Deputado Bernardino Soares, na sua intervenção de ontem — veja-se lá o que é que este Primeiro-Ministro consegue fazer!
Risos do PSD.
Portanto, com a devida vénia, e com a sua autorização, Sr. Deputado, cito-o: «Se houvesse um cognome para este Primeiro-Ministro, teria de ser o de ‘quebra promessas’», porque é essa a imagem de marca do Eng.º José Sócrates nesta governação.
Os portugueses começam a interrogar-se e coloca-se a seguinte questão: será que este Governo é de confiança? Os portugueses podem confiar neste Governo e neste Primeiro-Ministro? Neste Primeiro-Ministro, que prometeu o que prometeu antes de ser eleito? Neste Primeiro-Ministro, que ainda recentemente — vale a pena lembrarmo-nos — apresentou uma previsão da taxa de inflação que, afinal, como vimos estes dias, não tem nada que ver com a realidade? Neste Primeiro-Ministro, que defendeu a Ota de forma tão convicta e tão irreversível e que, afinal, em meia dúzia de horas, inverteu a sua posição? Neste Primeiro-Ministro, que, havendo estudos técnicos para encerrar serviços, tem agora de inventar estudos internacionais para legitimar as suas posições? Esta é uma situação particularmente preocupante, porque quando um governo perde a credibilidade, quando as populações não confiam num governo, como eu disse há pouco, vamos no pior dos caminhos.
Por isso, Sr. Deputado Nuno Magalhães, perceba que quando o Partido Social Democrata assume determinadas posições, conjuntamente com outros partidos, inclusive com o Partido Socialista, fá-lo porque tem sentido de responsabilidade, tem sentido de Estado e porque hoje, como sempre — aprendemos isso com Sá Carneiro —, colocamos e colocaremos os interesses do País acima dos interesses partidários.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Depois de uma referência tão simpática, também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Duarte, não vou cobrar direitos de autor, penso que não vale a pena, a expressão foi bem utilizada.
Sr. Deputado, ao contrário do que disse o PS, não faço a injustiça de dizer ao PSD — e saúdo-o, em primeiro lugar, devido à realização das suas jornadas parlamentares — que não tem ideias concretas.
Tem. Eu sei que o PSD tem ideias concretas.
O que mais me intriga nesta vossa intervenção, muito útil para disfarçar com alguma divergência a profunda convergência que vai haver, durante o resto da tarde, entre o PS e o PSD, como houve ontem a propósito da não realização do referendo…
Vozes do PSD: — Não foi assim!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Como dizia, o que mais me intriga nesta vossa intervenção é saber quais são as propostas concretas para os problemas que o próprio PSD traz para este debate na Assembleia da República.
O PSD — e bem — assinala a desertificação e o desequilíbrio entre o interior e o litoral como um problema muito importante do nosso país. É verdade! Mas o PSD propõe que as populações e as empresas do interior passem a pagar as portagens das SCUT, e isso é diferente de criticar o modelo de financiamento que o PS instituiu para estas auto-estradas.
Mas o PSD, em relação aos serviços públicos que diz fazerem falta ao interior, tem um líder que afirma que, se estivesse no governo, em seis meses desmantelava o Estado e, por isso, também desmantelava os