27 | I Série - Número: 051 | 22 de Fevereiro de 2008
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Exactamente! Vale a pena estudar!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Portanto, vale a pena estudar e ter uma licenciatura!
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Falei de uma região!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — O Sr. Deputado, sendo do norte, refere a situação do norte, em particular do distrito do Vale do Ave. Eu também sou do norte e conheço essa realidade!
Protestos do CDS-PP.
Devo reconhecer, Sr. Deputado, que a região que refere é particularmente sensível aos desafios da globalização. Sabemos que essa região, pelo tecido produtivo, pela realidade económica, é mais sensível às transformações que ocorrem na economia mundial. Apesar das dificuldades que reconheço e do agravamento da situação que podemos constatar nalgumas regiões devido a essa globalização, a região tem tido uma boa capacidade de resposta, em geral, face às circunstâncias existentes. Penso que há que reconhecer o mérito do empresariado português, em particular do empresariado dessas regiões, que tem sabido resistir de forma muito especial a estes desafios, a essas dificuldades.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Apesar dessas dificuldades, há que reconhecer que houve uma ligeira melhoria nessa situação. A taxa de desemprego baixou de 9,5% para 9,1% no Norte, …
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — No Norte!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — … ou seja, reduziu 0,4%, quando no País reduziu 0,1%.
Mais: relativamente às preocupações que manifesta quanto à situação de desemprego no distrito pelo qual foi eleito, devo informá-lo que o Programa Temático Operacional do Potencial Humano dedicou 800 milhões de euros a políticas de emprego, só no distrito de Braga, Sr. Deputado.
Aplausos do PS.
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Isso é só formação!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rosário Cardoso Águas.
A Sr.ª Rosário Cardoso Águas (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, por mais que afinadas estejam as vozes do Governo, há uma verdade inquestionável: elas divergem em absoluto com o sentimento generalizado do País e dos portugueses.
A verdade é que o País tem hoje mais desempregados, em especial desempregados qualificados, tem uma taxa de endividamento das famílias que se estima venha a ser de 127%, tem taxas de inflação específica de bens essenciais com crescimentos na ordem dos 30% nos últimos anos, tem uma desigualdade bem superior à média europeia e, mesmo depois das tão faladas políticas sociais, tem idosos e cidadãos isolados no interior com taxas de pobreza de 42%, além de vivermos num País marcado por profundas assimetrias regionais, onde até a taxa de desemprego é desigual, como ainda agora aqui ouvimos o Deputado Nuno Melo referir.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Ó Sr.ª Deputada, em todos os países é diferente!
A Sr.ª Rosário Cardoso Águas (PSD): — O Governo nega estas evidências, insistindo que Portugal está hoje muito melhor. A verdade é que aquilo que os portugueses sentem é que o magro crescimento económico não tem qualquer reflexo, em termos de desenvolvimento económico, no seu nível de vida.