34 | I Série - Número: 051 | 22 de Fevereiro de 2008
para o Sr. Ministro, o passado são três anos de governação dos governos liderados pelo Partido Social Democrata.
O Sr. Afonso Candal (PS): — Desastrosos!
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Há um provérbio húngaro que diz que o futuro é certo e que o passado está sempre a mudar. É inacreditável que o Sr. Ministro, que é economista, venha fazer esta comparação com o passado, sabendo perfeitamente que, em 2003, Portugal viveu uma crise económica internacional e que as boas políticas de consolidação orçamental dizem, se os governos anteriores não tiverem sido perdulários, que não há margem de manobra para evitar o sofrimento das populações.
O Sr. Ministro é economista e não partilha da doença infantil do socialismo aqui tão bem personificada pelo Sr. Deputado Afonso Candal. O período do governo de António Guterres, da fase de expansão económica — e o Sr. Ministro conhece-o perfeitamente, pois em todos os ECOFIN isso é verberado —, foi um período de desastre na condução da política orçamental e financeira do governo português e criou o problema da incapacidade de os governos subsequentes minorarem as dificuldades que existem em matéria orçamental.
Sr. Ministro, o senhor é economista e, cotejado com uma interpelação sobre os números da promessa do Eng.º Sócrates, disse: «Não respondo pela promessa feita pelo meu antecessor».
A Sr.ª Maria Ofélia Moleiro (PSD): — Pela interpretação!
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Sim, corrijo. O Sr. Ministro disse: «Não respondo pela interpretação da promessa feita pelo meu antecessor». O seu antecessor disse que eram 260 000 empregos.
Sr. Ministro, o senhor, como economista, sabe perfeitamente que o Prof. Campos e Cunha tinha toda a razão. Tratou-se de 150 000 postos de trabalho, uma trágica perda que resultou numa taxa de desemprego de 7,1%. A 16 de Fevereiro de 2005, o Eng.º Sócrates disse aos portugueses que ia devolver-lhes esses postos de trabalho perdidos, o que significava, obviamente, que, se porventura ocorresse um crescimento da população activa, o Governo assumiria o compromisso de criar postos de trabalho também para essas pessoas.
A conta é fácil, Sr. Ministro: são 260 000 empregos! V. Ex.ª está confortável com uma taxa de desemprego de 8%, quando o Eng.º Sócrates disse, em nome do Programa do Governo que ele ia fazer, que 7,1% era um número trágico? Pergunto-lhe outra vez, Sr. Ministro: como é que qualifica perante os portugueses a actual taxa de desemprego de 8%? Mas falemos do futuro, Sr. Ministro. É capaz de nos dizer o que é que se vai passar em matéria de criação de emprego, em Portugal, em 2008 e 2009? Recordo-lhe que a taxa de criação de emprego no ano que passou foi de 0,2 pontos percentuais.
O Sr. Deputado Nuno Melo convidou-o a fazer uma passagem pelo norte do País, pelo distrito de Braga, onde também gostava que fosse comigo, para verificar exactamente as camionetas de trabalhadores que se deslocam para a Galiza.
Gostava de me associar ao seu discurso emotivo, que aplaudimos, quanto à qualidade dos empresários do distrito de Braga e do Minho, e o Sr. Deputado Agostinho Lopes também conhece muito bem isto e sabe ainda que há grande qualidade e pundonor por parte dos trabalhadores e dos próprios sindicatos, pois é gente de trabalho, mas coloco-lhe uma questão muito simples: quantas vezes o Sr. Ministro da Economia foi ao distrito de Braga? Quantas vezes falou com as associações empresariais?
A Sr.ª Maria Ofélia Moleiro (PSD): — O Ministro da Economia existe?! É que nunca mais o vi!…
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Existe, existe! Mas, que se saiba, não costuma percorrer o País.
Sr. Ministro, convido-o a fazer outro passeio, não já pelo distrito de Braga mas pelo Alentejo, em que V.
Ex.ª pode dizer aos portugueses que, graças à política de emprego, a taxa de desemprego diminuiu, no ano passado. Foi a única zona do País em que essa taxa caiu, mas o que é curioso é que caiu também a população empregada e a população activa. Sabe porquê, Sr. Ministro? Sabe qual é o nosso entendimento, Sr. Ministro? É que o Sr. Ministro também tem andado distraído com a circunstância de a fronteira económica