26 | I Série - Número: 062 | 20 de Março de 2008
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, a única coisa que tenho a dizer é que o nosso sistema financeiro é forte, está preparado para responder…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Para ir ao bolso dos portugueses!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … às dificuldades dos sistemas financeiros internacionais e que o País deve confiar nele como um sistema financeiro que está à altura para servir a economia portuguesa e não para se aproveitar de qualquer crise internacional que afecte os mercados financeiros.
Aplausos do PS.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — A realidade vai desmenti-lo!
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, tem ainda a palavra. Dispõe de 4 segundos.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, intervirei meteoricamente.
Sr. Primeiro-Ministro, na sua declaração — aliás, em todo o debate — perpassa uma ideia profundamente inquietante: é que o Sr. Primeiro-Ministro não vê que a sua governação, bem como esse apelo às dificuldades e aos sacrifícios, não é para todos. Há um punhado de pessoas que está a beneficiar desta situação.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E aquilo que disse, de uma forma tão macia, leva-nos a ter uma profunda inquietação de que os sacrificados serão os mesmos do costume.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Seguem-se as perguntas do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, até agora, algumas bancadas escolheram o caminho mais fácil de transformar este debate político numa espécie de recapitulação da história Branca de Neve e os Sete Anões.
Não discutirei zangas, mas creio que é importante que o Primeiro-Ministro responda a três questões fundamentais. A primeira é sobre a crise financeira internacional e o impacto em Portugal.
Sr. Primeiro-Ministro, estamos a viver a crise mais grave desde 2000. Em cinco meses, os bancos centrais fizeram desaparecer no mercado tantas centenas de biliões de dólares como os que foram gastos em cinco anos da Guerra do Iraque e os banqueiros portugueses, com o à-vontade extraordinário de quem ganha 8 milhões de lucro/dia, permitem-se anunciar aumentos de juros.
Quero questionar o Governo sobre a dança eleitoral da política de impostos, porque têm aumentado e vale a pena, agora, assumirmos a responsabilidade de responder àqueles que verdadeiramente precisam.
Sr. Primeiro-Ministro, há 1,828 milhões de portugueses com pensões abaixo de 373 €. Se 1% das receitas do IVA fosse usado para fazer justiça a estas pessoas, seriam 400 €/ano.
Sr. Primeiro-Ministro, concorda, ou não, com essa devolução do imposto?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.