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20 | I Série - Número: 065 | 29 de Março de 2008

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Santana Lopes, compreendo que o passado o persiga e lamento muito que o passado venha à discussão quando o Governo apresenta bons resultados orçamentais.
Sabe, Sr. Deputado, à cabeça de todos os portugueses ocorre o passado,…

O Sr. Mota Andrade (PS): — O passado recente!

O Sr. Primeiro-Ministro: — … o passado de uma tentativa governamental falhada, mas que, desta vez, é bem sucedida. Compreendo que o passado lhe pese, mas o Sr. Deputado tem de viver com essa cruz. E é uma cruz pesada, eu sei!

Risos do PS.

E tem de viver com outra cruz: a do que se escreve, porque o que se escreve responsabiliza. Ora, a verdade é que, em Outubro, o PSD — de forma inacreditável, e apenas para fazer oposição! — decidiu e escreveu que só proporia uma baixa de impostos se o défice ficasse abaixo dos 2%.
Porém, o líder do PSD vem agora dizer que, com 2,6% de défice, o Governo não só devia ter baixado o IVA em 1% mas em muito mais, como também devia ter feito muito mais.
Não compreendo estas posições.

O Sr. Mota Andrade (PS): — Ninguém compreende!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Assim como não compreendo esta terceira posição do Sr. Deputado, ao vir agora aqui dizer que não devíamos fazer nada, que devíamos esperar mais alguns meses para, então sim, se fazer alguma coisa.

O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Está a querer baralhar!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Não, não estou a querer baralhar! Isto é mesmo assim. Só os senhores é que não vêem!

Protestos do PSD.

Ó Sr. Deputado, a isto chama-se o ziguezague fiscal! Mas quero também responder à questão da saúde, dizendo o seguinte: o Sr. Deputado diz agora, quanto ao IVA, que não tem importância nenhuma, que tem um impacto diminuto, tal como já disse, no anterior debate, que a redução em 50% das taxas moderadoras para 350 000 idosos não tinha importância nenhuma, como se para cada um desses idosos essa redução não fosse muito significativa! Respondo-lhe, Sr. Deputado, dizendo que o que queremos consta do nosso Programa do Governo.

O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — A propósito das últimas notícias relacionadas com o hospital Amadora-Sintra, em que ouvi dizer a todos aqueles que perfilham orientações de direita que dá a impressão de que o Governo nacionalizou o hospital Amadora-Sintra, é preciso explicar o seguinte: o hospital Amadora-Sintra sempre foi um hospital público, do Serviço Nacional de Saúde. E está escrito no nosso Programa que o que advogamos é parcerias na construção, mas, quanto à gestão, essa deve manter-se pública e não deve ser concessionada a privados.

Aplausos do PS.