29 | I Série - Número: 071 | 12 de Abril de 2008
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, diz o Sr. Deputado «o Sr.
Primeiro-Ministro está a tirar o pão da boca aos portugueses.» Sabe o que me fez lembrar, Sr. Deputado? Fezme lembrar o líder do PSD quando, recentemente, referindo-se à terceira travessia do Tejo, disse «essa terceira travessia do Tejo não deve ser feita porque o povo está a morrer à fome.»!
Risos do PS.
Sr. Deputado, por amor de Deus! O senhor acha que apostar nos biocombustíveis é estar a tirar o pão da boca aos portugueses?! Primeiro, Sr. Deputado — e, já agora, recomendo-lhe um pouco mais de leitura —, devia saber que estes biocombustíveis e os projectos que estão a ser desenvolvidos em Portugal têm por base, na matéria-prima, oleaginosas e não cereais!
Risos do Deputado do BE Francisco Louçã.
Portanto, dizer que estou a «tirar o pão da boca» é um pouco exagerado!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Ó Sr. Primeiro-Ministro, a sua «fichazinha» está mal!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas não quero disfarçar a resposta ao seu argumento.
O seu argumento, Sr. Deputado, é uma colagem aos movimentos mais radicais do ambiente, que dizem que a aposta nos biocombustíveis significa aumentar os preços da comida e criar a maior fome e a maior restrição alimentar no mundo. Isso está por provar, Sr. Deputado.
O que sei é que esses projectos, para já, têm aumentado, e muito, as condições de vida e o sucesso económico em alguns países menos desenvolvidos, e com benefícios para a redução de CO
2
, porque os combustíveis têm um impacte directo na redução da emissão de toneladas de CO
2 no nosso país.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Francisco Louçã, tem a palavra.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Se o Sr. Primeiro-Ministro soubesse que o pão aumentou 30% não seria tão arrogante nas suas respostas.
Protestos do PS.
O que lhe cito, Sr. Primeiro-Ministro, é um comunicado do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial que diz — oiça bem, Sr. Primeiro-Ministro! — que a primeira causa de encarecimento dos alimentos é o biocombustível.
Mas percebo a superficialidade do Governo: o mal de Angola e de Moçambique não é connosco! Isso, a nós, não nos preocupa. Eles que utilizem as suas plantações para nos venderem combustíveis que com isso vivemos nós bem! Isso chama-se irresponsabilidade! É precisamente sobre isso — e tenho pouco tempo — que quero fazer-lhe uma pergunta.
Hoje, o País vive sob chantagem e pressão. Ontem, na interpelação ao Governo por nós agendada, demonstrámos que, em Portugal, o Governo é o principal patrão abusador, que há 117 000 trabalhadores precários no Estado e há 7000 professoras e professores contratados que não são integrados na carreira, aos quais a Ministra da Educação está a ameaçar de afastamento, a não ser que se submetam, como cobaias, a uma avaliação que por todos é considerada irresponsável.