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23 | I Série - Número: 088 | 29 de Maio de 2008

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não é uma saída para esta situação? E não temos de pôr em cima da mesa, Sr. Deputado, como qualquer governo que se dê ao respeito no exercício da sua soberania, enquanto representante do Estado português, que uma empresa não pode ter 700 milhões de euros de lucro à custa de todo um País e de todos os portugueses? Não temos de pôr isso em cima da mesa? Ou temos de abdicar da nossa soberania, enquanto País que tem de ter algum controlo na sua economia, e ficar sujeitos a esta cartelização, porque é o que existe na prática e o que todos os portugueses sentem no seu dia-a-dia quando põem combustível? Os portugueses sabem bem que, quando uma empresa aumenta o preço, logo no dia a seguir ou passados uns dias, a outra também aumenta e tudo se aproxima em termos de preços. Chame-lhe o que quiser. Se não quer chamar cartelização, não chame, mas o que é facto é que as empresas que dominam o mercado têm uma política de preços que as beneficia a elas e que prejudica todos os portugueses e a economia nacional. E o Governo assiste, nada faz e parece não ter qualquer proposta para esta grave situação nacional.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Perante os sinais evidentes de uma situação de crise económica e de crise social, o melhor que o Primeiro-Ministro tem para dizer é que «compreende».
O aumento da inflação retira poder de compra aos mais carenciados — e o Primeiro-Ministro diz que «compreende»...
A escalada dos preços dos bens alimentares e dos bens essenciais coloca muitas famílias trabalhadoras na dependência das instituições sociais — e o Primeiro-Ministro diz que «compreende»...
O aumento das taxas de juro sobre os créditos à habitação faz disparar o endividamento das famílias e coloca muitas delas em situação de carência social — e o Primeiro-Ministro diz que «compreende»...
As dívidas das famílias são as mais altas dos últimos 20 anos, ultrapassando em 30% todo o seu rendimento, e, hoje, cerca de 90% dos que pedem ajuda alimentar a instituições sociais fazem-no porque não conseguem suportar o nível do seu próprio endividamento — e o Primeiro-Ministro diz que «compreende»...
O aumento do preço do petróleo destrói os orçamentos das famílias e das empresas — e o PrimeiroMinistro diz que «compreende»...
O número de portugueses que deixam de receber o subsídio de desemprego por chegarem ao fim do prazo de atribuição aumenta — e o Primeiro-Ministro diz que «compreende»...
Há cada vez mais gente a recorrer à ajuda das instituições sociais — e o Primeiro-Ministro diz que «compreende»...
O investimento estrangeiro cai 50% num semestre e o índice de confiança dos consumidores cai 41% num mês — e o Primeiro-Ministro diz que «compreende»...
Por último, o crescimento da economia é negativo e as exportações caem — e a única coisa que o Primeiro-Ministro diz é que «compreende»...! Sr.as e Srs. Deputados: O Governo não foi eleito para compreender! O Governo foi eleito para governar, para criar condições de crescimento económico e para dar resposta às desigualdades e às dificuldades socais!

Aplausos do CDS-PP.

Quando se exige que tenhamos um Primeiro-Ministro corajoso e criativo, a única coisa que nos toca é um Primeiro-Ministro compreensivo.
Convém, no entanto, relembrar que todas as promessas eleitorais do PS e, pior, todas as previsões orçamentais feitas há muito pouco tempo atrás estão em franco colapso.
O Governo estimava, para este ano, uma taxa de inflação nos 2,1%, e, neste momento, a taxa de inflação está quase nos 3%.