78 | I Série - Número: 088 | 29 de Maio de 2008
Seria preferível, na nossa opinião, mexer no imposto de selo em relação a algumas operações de empréstimo que têm de ser cumpridas pelas empresas.
Seria preferível, até no plano da justiça social, mexer no IRS, que tem, deixe-me que lhe diga, escalões a mais (não necessita de tantos), sendo assim possível mexer nos impostos das pessoas que têm menos rendimentos.
Porquê, Sr. Ministro? Precisamente porque a resposta tem de ser para a economia e uma resposta que seja «amiga» das empresas.
Ainda há pouco o Sr. Deputado Francisco Louçã dizia: «Esperem pelo dia 1 de Julho». Deixe-me que lhe diga, Sr. Deputado, não precisa de esperar, ou então espere sentado ou a fazer ginástica nos tais ginásios que não diminuem os preços, porque no dia 1 de Julho e no dia 1 de Agosto não vamos ter todos os preços com menos 1%. Basta ler qualquer compêndio de fiscalidade — que o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais conhece bem—, que demonstra que o imposto que tem menos elasticidade em relação aos impostos sobre o consumo é precisamente o imposto com as características do IVA.
Vozes do CDS-PP: — Exactamente!
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Já o mesmo não aconteceria com outros impostos, como, por exemplo, com o ISP, o imposto sobre a gasolina.
Por isso, Sr. Ministro, gostaria de deixar-lhe uma proposta bem concreta em relação a esta matéria, que não lhe retira um único euro de receita fiscal.
O Sr. Ministro afirmou hoje na Comissão que as quebras em relação ao ISP andariam nos quatro primeiros meses do ano à volta de 20 milhões de euros. Disse que não tinha essas contas já terminadas, mas que pensava que o que foi cobrado a mais com o IVA cobria esses 20 milhões de euros.
Pois, Sr. Ministro, aquilo que lhe propomos é que o IVA que foi cobrado a mais e que está a ser cobrado a mais durante o primeiro semestre do ano seja devolvido no segundo semestre do próximo ano, com uma quebra do imposto sobre a gasolina.
Esta medida não retira um único euro em relação à execução fiscal da receita para este ano, portanto, não tem, com esta proposta, qualquer problema de natureza orçamental.
Com isto o Sr. Ministro conseguiria, aí sim, competitividade de natureza fiscal em relação a esse imposto, porque também é preciso um plano de médio e longo prazo.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente, alertando para o facto de que é necessário um plano de médio e longo prazo para que o nosso imposto sobre a gasolina se aproxime ou se torne igual ao que é cobrado em Espanha. De acordo com as condições orçamentais, vai demorar, com certeza, anos, mas tem de ser um objectivo assumido, porque, aí sim, a competitividade fiscal far-se-á entre os dois Estados: Portugal e a sua vizinha Espanha.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Victor Baptista.
O Sr. Victor Baptista (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Nunca pensei que a proposta de lei do Governo causasse tanto embaraço à oposição, desde logo pelas intervenções que aqui foram feitas, da esquerda à direita, relativamente à proposta de descida do imposto do IVA. É curioso que alguns até dizem que poderíamos ir mais longe, que poderíamos ir aos 2%, repondo a taxa de 19%. Ora, esse é o melhor elogio que se pode fazer a este Governo. Decorridos três anos do momento em que se aumentou a taxa do IVA, por uma necessidade de governabilidade e de cumprimento por parte do País das questões do défice excessivo e do cumprimento do Pacto de Estabilidade, vêm agora os partidos da oposição dizer que o Governo governou bem e que já está em condições de descer de novo a taxa para os 19%.