29 | I Série - Número: 095 | 13 de Junho de 2008
O Sr. Francisco Louçã (BE): — … mas, na verdade, lembre-se sempre, Sr. Primeiro-Ministro, que, enquanto não disse na Irlanda o seu argumento, impediu os portugueses de votar sobre essa matéria.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para formular uma pergunta, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, é justamente esta nota prévia que tem de ser dada neste debate, face àquilo que o Sr. Primeiro-Ministro disse, há pouco, em resposta ao Sr. Deputado Mota Amaral sobre o Tratado Europeu.
O Sr. Primeiro-Ministro fez uma cara de estranheza face àquilo que lhe foi colocado, mas foi exactamente isso que o Sr. Primeiro-Ministro disse: «O Tratado Europeu é muito importante na minha carreira política».
Então, foi por isso que foi negado um referendo aos portugueses? Para não pôr em causa a carreira política do Eng. José Sócrates?
Protestos do PS.
Os povos da União Europeia sujeitam-se a um Tratado, com as características e com o conteúdo que ele tem, para não porem em causa as carreiras políticas das elites e dos líderes europeus?
Protestos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, justifique esta sua afirmação gravíssima.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, o que afirmou é um abuso.
Todos ouviram aquilo que eu disse.
O que eu disse, em resposta ao Sr. Deputado Mota Amaral, foi o seguinte: como é que poderia passar pela cabeça de alguém que eu não tinha preocupações com o que está a acontecer na Irlanda, neste momento, sobre o Tratado de Lisboa, já que ele é tão importante para a Europa, já que ele é tão importante para Lisboa, para Portugal, mas também porque eu considero que ele foi um marco na minha carreira política?
Aplausos do PS.
Nada mais do que isso! O Tratado de Lisboa não foi por causa da minha carreira política, Sr.ª Deputada. E, olhe, se está a fazer julgamentos desses, peço-lhe desculpa mas não me julgue à sua medida. Eu não faço nada em prol da minha carreira política. Sou um político que nasceu em 1957. Quando fui eleito Deputado neste Parlamento, em 1987, tínhamos acabado de aderir à Europa. Eu sou um europeísta. Para mim, a questão europeia é uma questão central para o destino do nosso País. Eu sempre vivi com os valores europeus. Isso foi sempre para mim uma questão essencial da minha actividade política.
Por isso, tenho muito orgulho em poder dizer que um dos momentos altos da minha vida política foi justamente o momento em que Portugal conseguiu o acordo quanto ao Tratado de Lisboa, porque isso é uma peça central da história europeia, Sr.ª Deputada. É tão difícil entender isto? Será que o seu sectarismo, o seu facciosismo,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Eh!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … contra aqueles que são a favor da Europa não lhe consegue, ao menos, vislumbrar com o coração limpo, o coração aberto, aquilo que eu disse?