23 | I Série - Número: 065 | 4 de Abril de 2009
Sr. Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, V. Ex.ª tem anunciado e publicado» Aliás, o seu Ministçrio transformou-se numa verdadeira agência editora e de anúncios. Ainda hoje anunciou, pela terceira vez, 7 milhões de euros para o cadastro das propriedades rurais. Portanto, são anúncios! É mais um! Um deles é o da Estratégia Nacional para os Efluentes Agro-Pecuários e Agro-Industriais, uma Estratégia de medidas para sectores fortemente poluentes e que ameaçam o ambiente, mas com uma importância económica e social relevante em todas as regiões do País pela sua contribuição para o PIB e pelo emprego que geram.
Sr. Ministro, pergunto: onde pára a Estratégia? Já foi implementada? Qual o estado actual? É que respondeu ao meu colega Deputado de Os Verdes que o assunto estava a ser tratado.
No que diz respeito às suiniculturas, referi-me a um caso muito grave e paradigmático, a verdadeiramente mártir ribeira dos Milagres, na bacia do Lis, cuja solução está parada.
O Sr. Ministro, na última reunião que teve connosco, na última audição em comissão parlamentar, disse que a culpa de a solução ter estado parada desde 2002 a 2004 era dos empresários.
É falso, Sr. Ministro! Não estou a chamar-lhe mentiroso, estou apenas a dizer que os seus assessores não o informaram bem, porque em 2003 foi lançada a solução, através do secretário de Estado de então, o Sr. Deputado José Eduardo Martins, aqui sentado à minha frente. Na altura, em dezenas e dezenas de reuniões com todos interessados, onde estava o então Deputado do PS por Leiria e hoje Secretário de Estado da Protecção Civil, foi delineada e iniciada uma estratégia para uma para solução e daí resultou uma empresa chamada RECILIZ.
O processo está agora parado porque falta uma carta abonatória da Águas de Portugal, mas o Sr. Ministro diz que a Águas de Portugal não tem nada que fazer cartas abonatórias. Então, se não tem e ela é essencial para o financiamento deste projecto, Sr. Ministro, utilize a Caixa Geral de Depósitos, que é o banco do Estado, e através dela financie! O Sr. Ministro diz que a culpa é das empresas. No distrito de Leiria, essas empresas são cerca de 500. O Sr. Ministro quer asfixiá-las? Quer matá-las? O caso da ribeira dos Milagres é um escândalo nacional perante a insensibilidade do Sr. Ministro.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, queira terminar.
A Sr.ª Maria Ofélia Moleiro (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Mais uma vez, pergunto porque é que o Sr. Ministro, com pompa e circunstância, fez anúncios em Leiria — precisamente porque sabia que iam lá todas as televisões e jornais, dado que é o caso mais escandaloso de Portugal quanto a suiniculturas — e agora diz que a solução está parada por culpa dos que lá estão? Onde é que pára este anúncio do Governo, feito em Leiria? É isso que lhe pergunto, juntamente com as questões anteriores, Sr. Ministro.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Ambiente.
O Sr. Secretário de Estado do Ambiente: — Sr. Presidente, a Sr.ª Deputada Ofélia Monteiro trouxe-nos uma clarificação do que é que seria a política do PSD para o sector suinícola: basicamente, era os contribuintes pagando a poluição dos produtores. Íamos à Caixa Geral de Depósitos e essa é que era a solução! Foi o que nos veio dizer.
Mas convém saber um bocadinho da história. Em primeiro lugar, o protocolo ente o Estado e o sector vem de 2001. Pegámos na solução RECILIZ, que vinha do governo anterior e mantivemo-la, acarinhámo-la. Foi a RECILIZ que tardou 2 anos a entregar um estudo de impacte ambiental e chegou a entregá-lo de forma que o projecto não condizia com a localização; tardou muitíssimo tempo a decidir a adesão da Águas de Portugal ao capital social, o relatório de conformidade do projecto de execução com a avaliação de impacte ambiental está ainda por concretizar e a Sr.ª Deputada acha que o sector aqui tem sido diligente. Pois nós achamos que não, que tem havido falta de diligência e que somos um factor da solução.