24 | I Série - Número: 067 | 16 de Abril de 2009
Srs. Membros do Governo, pensem bem nas circunstâncias. Fecharem-se no que têm sido as vossas declarações optimistas, «realistas», não é solução! O povo português espera que antes das eleições haja um outro orçamento rectificativo, um outro programa de investimento público e outras medidas de apoio aos mais fracos na nossa sociedade.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados, na nossa opinião, é tempo de o Governo começar a falar claro ao País. É urgente que o Governo fale verdade e é preciso que o Governo fale verdade sobre a situação económica do País.
Ainda nos lembramos do tempo em que para os senhores não existia crise. Foi há menos de um ano»! Lembra-se, Sr. Ministro?!» Ainda nos lembramos dos tempos em que a crise existia, mas a economia e a banca em Portugal eram completamente «imunes» aos efeitos da crise internacional. Lembra-se, Sr. Ministro?!» Foi há menos de seis meses.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exactamente!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Depois, veio o tempo das correcções governamentais, correcções insuficientes, correcções a reboque de terceiros. Em síntese, correcções sempre «cor-de-rosa».
As declarações do Ministro das Finanças sobre as perspectivas de crescimento económico em Portugal, ontem divulgadas pelo Banco de Portugal, são muito preocupantes. É o mínimo que se pode dizer é que elas são preocupantes.
O Ministro das Finanças recusa-se a corrigir as previsões económicas. Mesmo perante os números assustadores do Banco de Portugal de queda do investimento e de exportações superiores a 14%, de uma queda da riqueza produzida mais de quatro vezes superior à queda que o Governo já previa e admitiu aqui há menos de dois meses — não foi há tanto tempo como isso, Sr. Ministro, foi há menos de dois meses.
Diz o Ministro das Finanças que este não é o momento oportuno para corrigir as previsões de crescimento económico. O momento oportuno, Sr. Ministro, para fazer mais uma correcção não é aquele que for conveniente ao Governo, não é aquele que for conveniente às tácticas eleitorais ou à propaganda do Governo.
O momento oportuno para corrigir, para rever, é este. É o momento em que o País se confronta com uma dura realidade. É o momento em que os trabalhadores são ameaçados por uma nova espiral de desemprego, que se vem somar às espirais de desemprego das «Qimondas», das «Yasaki Saltanos» e de centenas de empresas que encerram, que despedem ou que suspendem centenas e milhares de trabalhadores, perante a passividade do Governo.
Não há momentos oportunos para o Governo falar verdade, Sr. Ministro. É sempre tempo de falar verdade, e o Governo insiste em não falar verdade ao País sobre a situação económica.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É isso mesmo!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Mas o Dr. Teixeira dos Santos disse e insinuou ontem mais duas coisas inconcebíveis e totalmente inaceitáveis.
Por um lado, disse que o Governo não ia adoptar mais medidas contra a crise. Parece que o Ministro das Finanças nem sequer ouviu bem o Dr. Vítor Constâncio. Não ouviu o Governador do Banco de Portugal dizer que as ajudas do Estado em Portugal eram apenas de 0,5% do PIB. Não ouviu o Dr. Vítor Constâncio dizer ontem que havia margem orçamental para reforçar o apoio à economia em Portugal. Pelos vistos não ouviu! Mas não era preciso ouvir o Banco de Portugal, Sr. Ministro, porque nós já dissemos isto aqui, em Outubro, em Dezembro e em Janeiro!! Em Dezembro e em Janeiro dissemos aqui que as medidas contra a crise aprovadas pelo Governo eram tardias, incompletas e insuficientes. Lembra-se, Sr. Ministro?!