I SÉRIE — NÚMERO 5
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profissional e pessoal, sobre a questão da produtividade e do efeito da extinção dos feriados na produtividade,
uma questão que levantámos aqui e contra a qual nos batemos.
Porquê estes feriados, Sr. Secretário de Estado? Porquê o fim do 5 de Outubro? Que sanha é esta que
move a direita contra o 5 de Outubro? Contra o símbolo da República? Que sanha é esta? Que força é esta
que vos move sempre que falamos do mundo do trabalho?
Aplausos do PS.
Que força é esta, Sr. secretário de Estado? Que estranha força, Sr. Secretário de Estado!
Sr. Secretário de Estado, diga-me concretamente, porque até agora de V. Ex.ª só ouvi o mais profundo
silêncio sobre isto, quando há jornais a falar em 100 000 despedimentos na função pública, diga-me em
concreto: quantos trabalhadores quer despedir na função pública? Quantos? Quantos trabalhadores vai
sujeitar ao banco individual de horas, fragilizando as relações de trabalho a um ponto que não é aceitável para
nós?! Quantos, Sr. Secretário de Estado? Fale-nos sobre isso, fale-nos concretamente sobre essas medidas,
fale concretamente sobre a aplicação da mobilidade à administração local. Chamei-o à atenção, Sr. Secretário
de Estado, preveni-o que os efeitos vão ser absolutamente perversos.
O Partido Socialista cumprirá o seu dever neste debate, o Partido Socialista cumprirá o seu dever com o
seu eleitorado, o Partido Socialista cumprirá o seu dever com todos os portugueses e com os funcionários da
Administração Pública.
Na discussão na especialidade apresentaremos as nossas propostas, esperando, Sr. Secretário de Estado,
que não se escude no rolo compressor da maioria para esmagar a força da razão.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato, do
PCP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Deputados: As alterações à
legislação laboral da Administração Pública, que hoje aqui discutimos, são o espelho do Governo e da política
que está a destruir o País.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso é verdade!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Uma opção clara de ataque aos trabalhadores do Estado, que vai no mesmo
sentido das medidas já aplicadas ao sector privado: mais exploração, mais desemprego e empobrecimento
forçado de milhares de portugueses, num ciclo de perda contínua de salários, direitos, poder de compra, já
iniciados com a reforma do governo PS, em 2008, de ataque aos trabalhadores da Administração Pública.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Uma clara opção que destrói serviços públicos essenciais à vida das
populações, comprometendo o funcionamento de escolas, centros de saúde, hospitais e tribunais, visando o
seu encerramento, a sua destruição ou a sua privatização em benefício dos grupos económicos e financeiros.
Esta proposta representa um grave retrocesso laboral, social e civilizacional, constituindo uma violação
clara da Constituição da República Portuguesa.
Sr. Presidente, Sr. Deputados: O Governo não devolve qualquer subsídio aos trabalhadores da função
pública e ainda vai, com esta proposta, muito mais longe no ataque a estes trabalhadores; reduz brutalmente o
valor da compensação pelo fim do contrato a termo; institui a mobilidade como antecâmara do desemprego;
obriga um trabalhador deslocar-se até 60 e 120 km por dia, pagando os custos e prejudicando a sua vida
familiar; institui a «rescisão amigável», inédita na Administração Pública, limitando a compensação e criando o
despedimento encapotado e a baixo custo dos trabalhadores da Administração Pública; encerra, reorganiza,
funde serviços, empurrando os trabalhadores para a mobilidade especial, recebendo estes ao fim de dois