18 DE OUTUBRO DE 2012
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Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado João Ramos, estão inscritos o Sr.
Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes, a Sr.ª Deputada Catarina Martins, do BE, e a Sr.ª Deputada
Hortense Martins, do PS.
O Sr. Deputado João Ramos informou a Mesa que pretende responder individualmente a cada Sr.
Deputado.
Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Deputado João
Ramos, quero saudá-lo por ter trazido este assunto à discussão.
De facto, quando foi discutido o Orçamento do Estado para 2012, Os Verdes chamaram a atenção para o
erro que o Governo estava a cometer com a passagem do IVA no setor da restauração dos 13% para os 23%.
Ninguém compreendeu essa subida. As próprias associações representativas do setor chamaram a atenção
para o facto de se correr risco de se verificar este ano cerca de 20 000 encerramentos de pequenas e
microempresas e de esse facto ter como consequência o despedimento de cerca de 50 000 trabalhadores, o
que veio a verificar-se.
Ninguém entende quem está a ganhar com esta teimosia do Governo. Já foi aqui discutida uma vez a
possibilidade de o IVA da restauração ser colocado novamente na taxa intermédia, portanto, nos 13%, porque,
de facto, já na altura, há um ano, o setor da restauração tinha problemas, vivia com dificuldades devido à
quebra do poder de compra dos portugueses que foi imposta por este e pelo anterior Governo, sobretudo com
o corte do 13.º mês.
Sr. Deputado, um dos motivos que levaram à subida de 10% da taxa do IVA no setor da restauração tinha
a ver com o aumento da receita. Ora, ao que consta — e parece que não há grandes dúvidas sobre isso —,
este aumento do IVA não correspondeu a um aumento da receita do Estado.
Queria saber se o Sr. Deputado partilha dessa opinião, porque se não é assim, não há nada que justifique
a manutenção do IVA nos 23%. Aliás, Os Verdes apresentaram um projeto de lei, que vai ser discutido na
próxima quarta-feira, no sentido de repor o IVA da restauração novamente nos 13%.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado João Ramos, tem a palavra para responder.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, obrigado pela questão que
colocou relativamente a esta matéria.
Efetivamente, logo que foi conhecida a medida e durante a discussão do Orçamento do Estado do ano
passado, dissemos que era grave, que era incomportável, que ia ser um ataque grande ao setor a subida de
10 pontos percentuais do IVA, que correspondiam a 77% de agravamento deste imposto ao setor.
Hoje, são-nos apresentados estudos e vamos conhecer mais — na próxima sexta-feira, a ARESP virá cá
apresentar outro estudo — de entidades independentes que nos dizem que a extinção de postos de trabalho
pode ser de 37 000 até final deste ano e de 62 000 no final do próximo ano e que os encerramentos dos
estabelecimentos poderão ser de 11 000 neste ano e de 28 000 no próximo ano. Isto tudo poderá representar
uma perda de 1750 milhões de euros de volume de negócio neste biénio 2012/2013, numa altura em que o
País tem as dificuldades que tem.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Ramos (PCP): — Este processo torna claro que abdicar do mercado interno, como este
Governo tem feito, falando e valorizando apenas as exportações, é um erro enorme e condena o País.
Neste novo Orçamento do Estado, que já deu entrada na Assembleia, persistem neste erro de asfixiar o
mercado interno e tirar poder de compra às famílias e aos portugueses.