I SÉRIE — NÚMERO 12
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Só tenho opinião política! Não tenho interesse em causa própria!
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Portanto, não podemos tratar este setor com preconceito, como tem sido,
aliás, a tónica deste Governo, que trata um setor destes com total preconceito, ignorando os seus efeitos
económicos e sociais.
Não podemos esquecer o valor deste setor, em termos até do património que é a nossa gastronomia.
E é triste e mesmo revoltante ouvir um comentador da área do PSD, Miguel Beleza, ainda nesta segunda-
feira, dizer que, se para haver turismo e restaurantes, tem de se baixar o IVA, então, é melhor não haver
turismo nem restaurantes. Ora, isto é revoltante e demonstra o que é que algumas pessoas pensam da
atividade económica deste País — é inaceitável! E é inacreditável porque, aqui — dizem-no até estudos
independentes —, estão em causa 100 000 empregos.
E também não podemos, por um lado, dizer que queremos dar apoios para aqueles que têm mais de 45
anos e, por outro, sujeitar e condenar ao desemprego essas mesmas pessoas, só porque trabalham nos
restaurantes — é inaceitável, Sr.as
e Srs. Deputados!
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Quero concluir, dizendo que o PS também entregou hoje mesmo um
projeto de resolução, que será igualmente aqui discutido no dia 24, para que a taxa do IVA da restauração seja
reposta em 13%.
Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — É justo que assim seja.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado João Ramos: o que pensa que este Orçamento trará? Quais serão as medidas
fiscais nele contidas? O que é que este Orçamento fará em relação a este setor?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado João Ramos, tem a palavra para responder.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Hortense Martins, obrigado pelas questões que
colocou, pelo reconhecimento e pelo acompanhamento que faz das dificuldades deste setor.
Sabemos que o PS tem acompanhado este assunto e que, inclusivamente, já aprovou o projeto de lei que
referi e que apresentámos em maio.
Mas deixe-me lembrar-lhe que grande parte deste problema tem a ver com aquilo que foi o anterior
Orçamento do Estado e que, relativamente a este instrumento que provocava estas dificuldades no setor, o PS
não foi além de uma violenta abstenção.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Mas sobre este aspeto, apresentámos medidas que não pode esquecer!
O Sr. João Ramos (PCP): — Efetivamente, há aqui um agravamento muito complicado da carga fiscal,
mas, como já referi aqui hoje, o ataque aos trabalhadores também tem aqui uma importante componente de
intervenção no setor. Desde logo, na limitação da sua capacidade de consumo, o que o afeta em muito e é
também um dos principais problemas do setor, mas também porque são trabalhadores que têm uma formação
muito específica e por isso dificilmente saem daquela atividade e têm outras tarefas que facilmente