I SÉRIE — NÚMERO 12
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Como o Sr. Deputado dizia, ninguém entende quem está a ganhar, mas sabemos quem perde. E quem
perde são os empresários da restauração, quem perde, afinal de contas, é o País, com estas medidas que o
Governo não quer abandonar.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Catarina Martins, tem a palavra para pedir esclarecimentos.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, agradeço ao PCP por ter trazido este tema a debate em
Plenário. Ontem à tarde, tivemos um momento de contestação em frente do Parlamento pelo Movimento
Nacional de Empresários da Restauração (MNER), que vieram gritar à porta do Parlamento algo que já
sabíamos e que não percebemos como pode manter-se.
O Bloco de Esquerda tem dito que é hora de voltar atrás. Opôs-se à subida do IVA no anterior Orçamento e
apresentou já várias propostas nesse sentido. Por iniciativa nossa, está também já agendado para o dia 24 o
debate de um projeto de lei para repor a taxa do IVA da restauração na taxa intermédia e, conjuntamente, a
discussão de uma petição do setor.
Mas a verdade é que a maioria não dá qualquer sinal de perceber aquilo que é uma realidade gritante:
neste momento, por causa desta medida insensata e irresponsável, de aumentar o IVA da restauração, já se
perderam mais de 50 000 postos de trabalho, as insolvências dispararam e prevê-se que, no próximo ano, a
continuar assim, mais 100 000 postos de trabalho se percam. Temos tantas pequenas empresas, em que toda
a família trabalha na empresa e é dela dependente e que estão sem qualquer apoio, numa situação social
gravíssima. E não há resposta por parte desta maioria, que prefere nem sequer participar no debate que agora
estamos a ter.
O que acontece com o IVA da restauração é a prova da falência da exaustação fiscal. Se o Governo quer
um exemplo de por que é que o seu Orçamento para 2013 não pode funcionar, olhe para a restauração: ao
subir o IVA da forma abrupta como subiu, da forma completamente irresponsável como subiu, tudo o que
conseguiu foi sufocar o setor, foi criar mais desemprego, mais falências e — veja-se! — menos receitas fiscais.
E menos receitas fiscais porque um setor que está sufocado não paga impostos — são as falências e é o
desemprego.
E quando uma medida tudo o que consegue é agravar os problemas da economia e os problemas das
pessoas e nem sequer é capaz de responder ao objetivo para o qual foi implementada, que era o de combater
o défice, então, essa medida não é mais do que abuso de poder.
E, hoje, os silenciosos PSD, partido das PME ou ex-partido das PME, e CDS, ex-partido dos contribuintes,
não vêm aqui dizer-nos nada.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Mas tenham a certeza de que, no dia 24, haverá o primeiro teste à vossa
vontade, real ou não, de ter um Orçamento com um mínimo de responsabilidade. Não brinquem com as
palavras, não brinquem com ideias de minimização! É a sério! Aqui, já sabemos que falha. Por isso, é aqui que
os senhores têm de alterar.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Sr. Deputado, muito sinceramente, pergunto-lhe: não considera que este silêncio da maioria é um silêncio
de culpados, de quem decidiu e de quem só sabe a política do abuso?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado João Ramos, tem a palavra para responder.